INTERNACIONAL

Primeiro-ministro do Quirguistão assume o poder após dez dias de caos

O primeiro-ministro do Quirguistão, Sadyr Japarov, afirmou nesta quinta-feira (15) que assumiu o poder após a renúncia do presidente durante o dia, um acontecimento que não encerra a crise política que assola o país desde as eleições

AFP
15/10/2020 às 15:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:35

O primeiro-ministro do Quirguistão, Sadyr Japarov, afirmou nesta quinta-feira (15) que assumiu o poder após a renúncia do presidente durante o dia, um acontecimento que não encerra a crise política que assola o país desde as eleições.

"Os poderes do presidente e do primeiro-ministro foram transferidos para mim", afirmou Japarov diante de seus apoiadores, explicando que a renúncia do presidente Soroonbai Jeenbekov e a rejeição do presidente do Parlamento para assumir como presidente interino o colocaram de fato à frente do Quirguistão.

Este país da Ásia Central enfrenta uma crise profunda desde as eleições parlamentares de 4 de outubro. As eleições, vencidas por grupos próximos ao agora ex-chefe de Estado, desencadearam uma onda de manifestações violentas em que uma pessoa morreu e 1.200 ficaram feridas.

Pouco depois do anúncio e dos primeiros confrontos, os resultados das eleições foram invalidados, desacreditados por suspeitas de compra de votos, mas isso não estabilizou o país e levou Jeenbekov a abandonar o poder.

"Não me aferro ao poder, não quero entrar para a História do Quirguistão como o presidente que provocou um derramamento de sangue ao atirar contra seus concidadãos. Por isso, decidi renunciar", declarou Sooronbai Jeenbekov, de acordo com um comunicado da Presidência dessa ex-república soviética fronteiriça com a China.

Na semana passada, ele prometeu renunciar quando a calma fosse restabelecida, mas ontem acrescentou que esperaria a realização de novas eleições parlamentares. Também recebeu o apoio da Rússia, a principal potência da Ásia Central pós-soviética, que tem uma base militar no Quirguistão.

Por fim, Jeenbekov acabou renunciando nesta quinta-feira sob a pressão de Sadyr Japarov, o recém-eleito primeiro-ministro pelo Parlamento e um nacionalista com uma reputação sulfurosa.

Soroonbai Jeenbekov destacou que a entrada do novo chefe de governo não "reduziu a agressividade nem os pedidos para minha renúncia".

"Para mim, a paz no Quirguistão, a integridade do nosso país, a unidade do nosso povo e a paz em nossa sociedade são o mais importante", disse o presidente.

Ele pediu a "Japarov e outros políticos que retirem seus simpatizantes das ruas".

Mesmo após o anúncio da renúncia, várias centenas de manifestantes leais a Japarov saíram às ruas nesta quinta à tarde, exigindo também a saída do presidente do Parlamento.

"As pessoa estão contentes", disse Janat Akmatova à AFP, exigindo que Sadyr Japarov "tome todo o controle e comece a trabalhar".

Japarov, no entanto, não tem uma reputação imaculada. Desde 2017 e até o início da semana passada, ele cumpria uma condenação de 11 anos e meio de prisão por participar na tomada de reféns de um governador regional.

Foi libertado por seus apoiadores no caos pós-eleitoral e conseguiu anular sua condenação em circunstâncias pouco claras.

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