INTERNACIONAL

Primeiro-ministro designado desiste e mergulha o Iraque na incerteza

O primeiro-ministro designado Mohammed Allawi desistiu de formar um governo, mergulhando ainda mais o Iraque na incerteza e exacerbando o descontentamento nas ruas

AFP
02/03/2020 às 14:08.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:06

O primeiro-ministro designado Mohammed Allawi desistiu de formar um governo, mergulhando ainda mais o Iraque na incerteza e exacerbando o descontentamento nas ruas.

Diante de manifestantes determinados, apesar dos quase 550 mortos na violência, do medo do novo coronavírus e diante da queda dos preços do petróleo, "os líderes políticos estão em uma bolha", denunciou uma autoridade iraquiana que pediu anonimato.

O primeiro-ministro demissionário Adel Abdel Mahdi e sua equipe "continuam como se nada estivesse acontecendo", disse ele.

Mahdi garantiu no domingo que deixaria de administrar os assuntos correntes nesta segunda-feira. Mas preferiu manter-se no cargo.

Em uma declaração no final do dia, o homem que já não preside mais o Conselho de Ministros explicou que o "vácuo constitucional" é "o maior perigo" e que era melhor esperar até que um sucessor fosse nomeado para Allawi e seu governo fosse aprovado pelo Parlamento.

Esta mudança está longe de ser alcançada, como Mohammed Allawi já experimentou. Designado no início de fevereiro para formar um novo governo, não foi capaz de apresentar sua lista de ministros ao Parlamento porque, duas vezes nesta semana, a assembleia mais dividida da história recente do Iraque não conseguiu chegar a um quorum.

Existem "partidos que negociam apenas por seus próprios interesses, sem respeito pela causa nacional", trovejou Allawi no domingo, anunciando sua desistência.

O influente líder xiita Moqtada Sadr denunciou "os corruptos" que tornam o país "refém".

A Constituição não prevê a opção de uma saída do primeiro-ministro durante seu mandato. A renúncia de Abdel Mahdi é sem precedentes, assim como o fracasso de seu sucessor nomeado.

Mas, de acordo com a Constituição, constantemente contornada por políticos e partidos determinados a permanecer o poder, a bola está no campo do presidente Barham Saleh após o fracasso do Parlamento em votar a confiança.

Saleh tem 15 dias para escolher quem formará o futuro governo. Desta vez, fará isso sem pedir a opinião dos grandes blocos parlamentares, conforme exigido pela Constituição para Allawi.

Segundo fontes políticas, já fez sua escolha: o chefe da inteligência Mustafa al-Kazimi.

Na Praça Tahrir, em Bagdá, epicentro dos protestos, os manifestantes exigem a renovação de toda a classe política, acusada de corrupção e de ser incapaz de fornecer serviços básicos.

"Os partidos buscam apenas seus próprios interesses, não ouvem nossa opinião nem nossos problemas", reclama Roqiya, manifestante de 20 anos.

"Allawi tentou conciliar os interesses dos partidos e do povo, mas fracassou", diz Hamid Abou Nour, comentarista político.

Qualquer que seja seu sucessor, sua tarefa será difícil. Terá que organizar eleições antecipadas para renovar o atual sistema político, baseado na distribuição de cargos de acordo com grupos étnicos e religiões.

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