INTERNACIONAL

Primeira demissão no governo do Líbano e novos confrontos em Beirute

A ministra da Informação renunciou neste domingo no Líbano, onde foram registrados confrontos pelo segundo dia consecutivo entre as forças de segurança e manifestantes enfurecidos contra a classe política, acusada de negligência na explosão que devastou o porto de Beirute

AFP
09/08/2020 às 17:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:03

A ministra da Informação renunciou neste domingo no Líbano, onde foram registrados confrontos pelo segundo dia consecutivo entre as forças de segurança e manifestantes enfurecidos contra a classe política, acusada de negligência na explosão que devastou o porto de Beirute.

A renúncia de Manal Abdel Samad é a primeira do executivo comandado pelo primeiro-ministro Hasan Diab desde a explosão de terça-feira que deixou pelo menos 158 mortos, mais de 6.000 feridos e 300.000 pessoas desabrigadas.

"Após a enorme catástrofe de Beirute, apresento minha demissão do governo", declarou a ministra. "Peço desculpas aos libaneses, não soubemos responder às expectativas", explicou.

Neste domingo, na emblemática Praça dos Mártires, centenas de manifestantes foram às ruas exibindo bandeira do Líbano e cantando músicas patrióticas.

Mais tarde, em uma avenida que leva ao Parlamento, manifestantes lançaram pedras e fogos de artifícios contra a polícia, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, segundo um correspondente da AFP no local.

Os manifestantes responderam à truculência policial gritante "Revolução, revolução!". Alguns escalaram as imponentes barricadas instaladas pelas forças de ordem para proteger a rua do Parlamento.

No sábado, os manifestantes invadiram brevemente os ministérios das Relações Exteriores, da Economia e da Energia, bem como a Associação de Bancos, sinalizando um endurecimento da contestação.

A ajuda internacional continua chegando ao Líbano. A França montou uma "ponte aérea e marítima" para entregar mais de 18 toneladas de ajuda médica e quase 700 toneladas de ajuda alimentar.

"Devemos atuar rápido e com eficiência" para que a ajuda "chegue diretamente" ao povo libanês, garantiu neste domingo o presidente da França, Emmanuel Macron, no início da videoconferência internacional de doadores para o país árabe.

"Durante esses dias, meus pensamentos voltam com frequência ao Líbano", revelou o Papa Francisco, após a tradicional Oração do Angelus.

"A catástrofe de terça-feira nos urge a todos, começando pelos próprios libaneses, a trabalhar juntos pelo bem comum", completou.

A ajuda emergencial coletada neste domingo na videoconferência organizada por França e ONU alcançou pouco mais de 250 milhões de euros, 30 milhões oriundos de Paris, anunciou o Eliseu.

A tragédia foi causada na terça-feira por 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas por seis anos no porto de Beirute "sem medidas de precaução", segundo admitiu o próprio primeiro-ministro Hassan Diab.

A deflagração provocou uma cratera de 43 metros de profundidade, de acordo com uma fonte de segurança.

A esperança de encontrar sobreviventes no porto de Beirute praticamente desapareceu neste domingo.

Após vários dias de "operações de busca e resgate, podemos dizer que finalizamos a primeira etapa, na qual existe a possibilidade de encontrar pessoas vivas", informou em coletiva de imprensa o coronel Roger Juri, chefe do regimento de engenheiros militares.

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