Autor foi pego circulando de carro (Divulgação/Guarda Civil)
O homem acusado de atear fogo na companheira dia 26 do mês passado, em Piracicaba, já está atrás das grades. A prisão dele aconteceu na noite de anteontem, numa ação conjunta entre a 2ª Dise/Deic, Patrulha Rural da Guarda Civil e Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
A captura dele aconteceu no cruzamento da avenida Antonio Mendes de Barros com avenida Conchas, no bairro São Jorge, após ter seu carro interceptado. A vítima, de 45 anos, está internada em estado grave numa UTI - Unidade de Terapia Intensiva -, de Limeira, com queimaduras em 70% do corpo.
Ela foi queimada com álcool, enquanto dormia, e ficou por cerca de quatro horas ferida. Ele se recusou a socorrê-la. Segundo a delegada Monalisa Fernandes dos Santos, titular da DDM, que recebeu a imprensa em seu gabinete ontem de manhã, foi instaurado inquérito e pedida a prisão temporária do autor, devido à gravidade do caso.
"Estávamos acompanhando o investigado porque, após a vítima ter sido transferida de um hospital para outro, ele desapareceu e ontem (quarta-feira) conseguimos verificar que ele estava circulando de carro pela cidade", disse a autoridade.
"Ao perceber que ele entrou na cidade, por volta de umas 17h30, os policiais civis foram até o ponto onde o carro dele havia passado, e assim que ele retornou para sair da cidade foi abordado tanto pela Guarda Civil, que estava nos auxiliando, quanto pelos policiais civis", observou.
O preso ainda não passou por interrogatório, mas, segundo disse a vítima à delegada, às 5h da madrugada do dia do crime ela acordou com o corpo em chamas, pedia ajuda e ele se recusava.
Ela mesma foi para debaixo do chuveiro para apagar as chamas, tirou a roupa que ficou grudada no corpo, e ele dizia que só a levaria para um pronto socorro às 9h. Como ela tomou banho gelado, e sentia muito frio, pediu que ele pusesse um cobertor sobre ela e ele atendeu.
Monalisa disse não ser psicóloga para traçar um perfil do incendiário, mas que deu para ver, segundo relato da vítima, que ele toma remédio controlado e faz uso de drogas e que as atitudes dele potencializam um comportamento diferenciado.
"A gente acredita que ele tinha intenção de matar, porque ele falou para a própria vítima, após por fogo nela, que jamais iria bater nela e sim matá-la. Dá para imaginar que ele seja frio porque, provavelmente ele havia planejado isso, depois de uma briga que eles tiveram", disse Monalisa.
O estado de saúde da mulher é grave, não há previsão de alta e ela vai passar por algumas cirurgias. Nesta quarta-feira, mesmo com o corpo inteiro enfaixado, conseguiu prestar depoimento.
Atenção aos sinais
Segundo Monalisa, em abril deste ano já havia sido feito um Boletim de Ocorrência de lesão corporal, ocasião em que ele deu um soco na boca da mulher (a ponto de ela perder um dente), mas não houve representação da parte dela.
"Ela mesma não queria fazer a ocorrência. Quem veio foi a filha dela", disse a delegada. Conforme contou a vítima à autoridade, ele não gostava de ser contrariado.
"Sempre que havia uma discussão, se ela se posicionasse dizendo que ele estava errado acabava sendo agredida. Ela escondia tudo dos familiares.
Monalisa faz uma alerta às mulheres que fazem ocorrência e não representam. "Muitas mulheres não passam por exame de corpo de delito, em muitos casos não temos laudo, instauramos inquérito, e quando chega ao Fórum o caso é arquivado", explicou.
"O que acontece muito é de a pessoa reatar o relacionamento neste meio tempo, a mulher não vem representar, não vem pedir medida protetiva, e acontece outro fato até mais grave como foi este", completou.
Para mulheres que são vítimas de violência doméstica à noite, ou as finais de semana, existe a Sala DDM 24 horas, que fica no Plantão Policial, com delegada, escrivã e investigadora para registrar a ocorrência e já dar entrada no pedido de medida protetiva. A sala fica na rua do Vergueiro, 888, no Centro.