INTERNACIONAL

Presidente sérvio se fortalece com pandemia

O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, fortaleceu-se com a pandemia de COVID-19, que lhe permitiu dominar a mídia e marginalizar a oposição, faltando duas semanas para as eleições legislativas de 21 de junho

AFP
10/06/2020 às 09:06.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:58

O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, fortaleceu-se com a pandemia de COVID-19, que lhe permitiu dominar a mídia e marginalizar a oposição, faltando duas semanas para as eleições legislativas de 21 de junho.

Com 250 mortes de um total de sete milhões de habitantes, o país dos Bálcãs evitou o pior, suspendendo as restrições a tempo para as eleições.

O desempenho da Sérvia contra o novo coronavírus é uma bênção para Aleksandar Vucic.

Após um ponto alto em meados de março, os casos adicionais diários de COVID-19 começaram a cair, e a popularidade do presidente, a subir.

Quase metade dos sérvios confia em Vucic, segundo o instituto de pesquisas Ipsos, um recorde em 20 anos.

Analistas dizem que a crise da saúde aumentou a vantagem do líder, oferecendo a ele uma plataforma para dominar a mídia, distribuir ajuda e reprimir protestos.

"Ocupa todo espaço público", disse Dusan Spasojevic, professor da Universidade de Ciência Política de Belgrado.

O chefe de Estado e seus aliados, conhecidos por sua ânsia de se mostrar, tornaram-se onipresentes.

Em março, o Partido do Progresso (SNS, oficialista) ocupou 99% do horário nobre em cinco redes nacionais de televisão, de acordo com a rede de monitoramento de mídia CRTA. Em abril, a taxa caiu para 92%.

"O coronavírus mostrou o erro daqueles que acreditavam que Vucic aparecia demais na imprensa, pois, na verdade, pode aparecer ainda mais", brinca Dragosalv Drencic, um motorista de táxi de 45 anos.

"Deveríamos dedicar a ele um reality show chamado "24 horas por dia com o presidente"", acrescentou.

Quando uma equipe chinesa chegou para ajudar a Sérvia no início da crise, o presidente a encontrou no aeroporto cercado por câmeras de televisão.

Mais tarde, distribuiu pessoalmente respiradores artificiais, lembra Florian Bieber, especialista nos Bálcãs.

"Era onipresente, enquanto as alternativas ficaram completamente invisíveis", disse ele.

Segundo analistas, essa distorção da mídia contribuiu significativamente para consolidar seu poder.

Na década de 1990, ele foi ministro da Informação, de tendência ultranacionalista, do ex-homem forte Slobodan Milosevic.

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