INTERNACIONAL

Presidente do Mali é detido por militares rebeldes

O presidente maliense, Ibrahim Boubacar Keita, e seu primeiro-ministro, Boubou Cisse, foram detidos na tarde de terça-feira (18) por militares amotinados, que se aliaram a manifestantes que pedem há meses a saída dos chefes de Estado e de governo

AFP
18/08/2020 às 18:25.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:31

O presidente maliense, Ibrahim Boubacar Keita, e seu primeiro-ministro, Boubou Cisse, foram detidos na tarde de terça-feira (18) por militares amotinados, que se aliaram a manifestantes que pedem há meses a saída dos chefes de Estado e de governo.

O presidente e o primeiro-ministro "foram levados pelos militares amotinados em veículos blindados a Kati", onde está o acampamento Sundiata Keita, a 15 km de Bamako, onde teve início a rebelião no começo do dia, disse Boubou Doucoure, diretor de comunicação do governo.

"Podemos dizer-lhes que o presidente e o primeiro-ministro estão sob nosso controle. Os detivemos em sua casa" (na residência do chefe de Estado em Bamako), tinha dito mais cedo à AFP um dos líderes da rebelião.

Os militares rebeldes tomaram o controle do acampamento e das ruas vizinhas, antes de se dirigir em comboio para o centro da capital, segundo um correspondente da AFP.

Em Bamako foram aclamados por manifestantes reunidos para pedir a saída do chefe de Estado nos arredores da praça da Independência, epicentro dos protestos que sacodem o Mali há vários meses, antes de se dirigir para a residência do presidente Keita, segundo a mesma fonte.

Por meio de um porta-voz, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou as ações e pediu a "libertação imediata e sem condições" do presidente do Mali.

A pedido da França e do Níger, que preside atualmente a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), o Conselho de Segurança da ONU anunciou que celebrará a portas fechadas uma reunião de emergência na quarta-feira sobre a crise no pais africano.

Antes do anúncio da detenção do presidente e de seu primeiro-ministro, os países da Africa ocidental, além de França e Estados Unidos, haviam expressado preocupação e denunciado qualquer tentativa de depor o governo.

"Condeno energicamente a detenção do presidente Ibrahim Boubacar Keita, (do) primeiro-ministro (Boubou Cisse) e (de) outros membros do governo do Mali e pediu sua libertação imediata", disse o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, em sua conta no Twitter.

O presidente francês, Emmanuel Macron "acompanha a situação com atenção e condena a tentativa de rebelião em curso", anunciou em Paris.

O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, havia dito antes que condenava "com a maior firmeza" este "amotinamento".

Pouco antes de sua detenção pelos militares, o primeiro-ministro Boubou Cissé pediu-lhes em um comunicado para "calar as armas", mostrando-se disposto a iniciar com eles um "diálogo fraterno para dissipar todos os mal-entendidos".

"As mudanças de humor constatadas traduzem alguma frustração que pode ter causas legítimas", disse Cissé, sem dar mais detalhes sobre as razões da revolta dos militares.

Mali enfrenta uma grave crise sociopolítica que preocupa a comunidade internacional.

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