INTERNACIONAL

Presidente do Haiti demite ministro por conta de repressão a protestos

O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, demitiu na noite desta quinta-feira o ministro da Justiça, Lucmanne Délille, poucas horas após o titular da pasta endurecer o tom diante da impunidade das gangues

AFP
10/07/2020 às 01:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 23:32

O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, demitiu na noite desta quinta-feira o ministro da Justiça, Lucmanne Délille, poucas horas após o titular da pasta endurecer o tom diante da impunidade das gangues.

O substituto de Délille é Rockfeller Vincent, que chefia a unidade anticorrupção desde janeiro, sendo o quarto a ocupar o ministério desde a posse de Moïse em fevereiro de 2017. O ministro demitido havia sido nomeado em março.

Délille, que estava no cargo desde março, garantiu numa entrevista coletiva, poucas horas antes de sua demissão, que a polícia identificaria e capturaria membros de gangues que desfilaram impunemente na capital haitiana na terça-feira.

"O Haiti não é uma república das bananas onde vagabundos, delinquentes e criminosos podem fazer o que quiserem", disse Délille.

Acompanhados por dezenas de pessoas, membros de gangues marcharam pelas ruas do centro de Porto Príncipe na terça-feira, exibindo suas armas e atirando para o alto.

Nenhuma unidade policial agiu o para interromper essa marcha, que alguns dos participantes transmitiram ao vivo pelas redes sociais.

Na segunda-feira, a polícia dispersou brutalmente uma concentração de cidadãos em frente ao Ministério da Justiça, alegando que eles tinham uma expectativa de vida de "24 horas renováveis" devido à insegurança.

Uma semana antes, uma primeira tentativa de realizar um protesto ali foi impedida pelas forças de segurança, que perseguiram os manifestantes.

Quando perguntado por jornalistas sobre esses episódios de repressão policial, Délille disse que não estava ciente.

"Vamos descobrir como as coisas aconteceram para corrigi-las", respondeu.

Em uma mensagem enviada à AFP na quinta-feira, o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, uma missão política especial, expressou "preocupação com o uso de armas pouco letais, incluindo gás lacrimogêneo, contra manifestantes pacíficos que não representam nenhum perigo iminente ou óbvio."

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