A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, acusou Evo Morales "e seus plantadores de coca" nesta quinta-feira (18) de gerar violência para retornar ao poder
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, acusou Evo Morales "e seus plantadores de coca" nesta quinta-feira (18) de gerar violência para retornar ao poder. O ex-presidente denunciou que o governo de direita treina militares para reprimir movimentos sociais.
Áñez, que assumiu a presidência em novembro após a renúncia de Morales, falou durante um ato policial, em um momento em que é pressionada pelo Congresso e pelo órgão eleitoral a promulgar a lei para convocar eleições em 6 de setembro.
"Evo e seus plantadores de coca estão tentando voltar ao poder", disse Áñez, acrescentando que o Movimento pelo Socialismo (MAS) de Morales propõe "o caminho da divisão e da violência entre os bolivianos, como fizeram por 14 anos" de governo ( 2006-2019).
O governo interino de direita acusa o MAS de estar por trás da destruição de antenas de telecomunicações em uma área rural por moradores que acreditavam que se tratava de tecnologia 5G, associada equivocadamente à transmissão do novo coronavírus por teorias da conspiração.
"De outro lado, há o caminho que o governo e a grande maioria dos bolivianos desejam, o caminho da unidade, dos benefícios, da reativação da economia, dos cuidados com a saúde, a ordem, a democracia e a lei" , disse Áñez.
De seu refúgio na Argentina, Morales tuitou que "soldados patrióticos e institucionalistas relatam a circulação de uma mensagem criptografada em 06/06/20 com instruções para realizar práticas de tiro e preparação antiterrorista".
"É o retorno da Doutrina de Segurança Nacional dos EUA que vê o "inimigo" nos movimentos sociais", acrescentou o ex-presidente e líder dos plantadores de coca em Chapare, região de Cochabamba (centro) que o viu emergir como dirigente.
Afirmando que "a saúde está em primeiro lugar", Áñez se recusa a promulgar a convocatória para eleições e propôs na terça-feira "adiar possivelmente por um ou dois meses" as votações.
A lei que define as eleições gerais para 6 de setembro foi aprovada após um acordo entre o MAS, que controla a maioria em ambas as casas do Congresso, o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), o candidato centrista Carlos Mesa e outras forças menores.
A presidente do Senado, Eva Copa, do MAS, escreveu uma carta a Áñez na quarta-feira pedindo que "cumprisse o único mandato que lhe foi confiado" e "viabilizasse as eleições".
"Precisamos de um governo legítimo com a confiança do voto popular para enfrentar a crise política, de saúde, econômica e social que estamos sofrendo", acrescentou.
rb/fj/gma/jc/mvv