Um projeto de lei do governo de Hong Kong que aparentemente daria ao diretor do organismo de imigração "poderes ilimitados" para impedir que alguém deixe a cidade está causando grande preocupação na ex-colônia britânica, alertou nesta sexta-feira (12) uma ordem de advogados
Um projeto de lei do governo de Hong Kong que aparentemente daria ao diretor do organismo de imigração "poderes ilimitados" para impedir que alguém deixe a cidade está causando grande preocupação na ex-colônia britânica, alertou nesta sexta-feira (12) uma ordem de advogados.
O influente grupo Bar Association (HKBA) de Hong Kong apresentou uma nota ao Parlamento da cidade expressando preocupação com o projeto de lei, que pode anular o direito de qualquer pessoa - residindo ou não em Hong Kong - de deixar a cidade.
Desde a entrada em vigor, em junho passado, em Hong Kong de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim, um número crescente de ativistas e políticos pró-democracia fugiram do centro financeiro para o exílio, enquanto a China continua a aumentar sua influência na cidade autônoma.
Muitos habitantes de Hong Kong aproveitaram os programas de imigração oferecidos pelo Reino Unido, Canadá e Taiwan.
Em janeiro, o governo da cidade propôs emendar a lei para ampliar os poderes do diretor de imigração para que ele impeça qualquer pessoa de sair do território sem a necessidade de julgamento prévio.
"É especialmente preocupante que a proposta não explique as razões pelas quais tal poder intrusivo poderia ser exercido, ou por que é necessário, ou mesmo apenas como deve ser exercido", disse a associação HKBA nesta sexta.
"Se um novo poder for dado para evitar que os residentes de Hong Kong e outros deixem a região (...) deve caber aos tribunais, não ao diretor, decidir quando é necessário e apropriado impor a proibição de viagens", acrescentou.
Além disso, a ordem de advogados lembrou que já existem meios para evitar que os cidadãos saiam de Hong Kong, como a nova lei de segurança nacional.
Que agora é necessária mais legislação a este respeito é algo "difícil de compreender", segundo a associação.
Desde que Pequim aprovou a nova lei de segurança nacional para impedir os protestos pró-democracia, cerca de 100 pessoas foram presas.
Até o momento, quatro foram acusadas de crimes que podem custar-lhes prisão perpétua se forem condenadas.
Em agosto passado, a guarda costeira chinesa interceptou uma dúzia de ativistas que tentavam fugir de barco para Taiwan, e um deles foi preso sob a nova lei de segurança nacional.
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