Nesta quarta-feira, a menos de 100 dias das eleições, os legisladores dos Estados Unidos interrogarão os chefes das gigantes da tecnologia, uma indústria que até agora escapou amplamente do controle das autoridades do país
Nesta quarta-feira, a menos de 100 dias das eleições, os legisladores dos Estados Unidos interrogarão os chefes das gigantes da tecnologia, uma indústria que até agora escapou amplamente do controle das autoridades do país.
A comissão judicial investiga possíveis abusos de posição dominante pelo Google, Amazon, Facebook e Apple (também conhecidas como GAFA) e a relevância das leis antimonopólio existentes e sua aplicação.
Sundar Pichai (Alphabet, empresa matriz do Google), Tim Cook (Apple), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jeff Bezos (Amazon) comparecerão por videoconferência devido à conjuntura do coronavírus.
Em um contexto de desconfiança geral em relação ao Facebook, os políticos podem se ver tentados a atacar especialmente a rede social, a qual acusam de negligência na moderação do conteúdo e de ter muita influência nas campanhas eleitorais.
No entanto, isso leva ao risco de se afastar do assunto da concorrência, o motivo do encontro.
"Essas audiências servem essencialmente aos membros do Congresso para designar os culpados e fazer discursos para seu círculo eleitoral", opina Douglas Melamed, professor de direito na Universidade de Stanford, "mas desta vez pode ser diferente".
No último ano, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a agência de proteção ao consumidor e os estados também iniciaram investigações sobre as GAFA.
Nos dois lados do espectro político, a pressão aumenta contra a onipotência política e econômica das plataformas digitais, que a pandemia de COVID-19 tornou mais essenciais do que nunca na vida cotidiana.
E mais ricas também. Entre março e junho, os bilionários Bezos e Zuckerberg acumularam respectivamente US$ 43,7 bilhões e US$ 32 bilhões a mais, segundo um estudo realizado por um centro de especialistas americano que defende a justiça tributária.
Apple e Amazon são acusadas de serem juízes e parte em suas plataformas, uma por sua loja de aplicativos e a outra por viverem do comércio eletrônico.
Google e Facebook possuem a maior parte da receita global de publicidade digital.
Mas as GAFA também têm coisas em comum. Nascidas no Velho Oeste americano, ampliaram muito mais seus negócios principais, da nuvem ao entretenimento, com novos projetos e aquisições.
São, acima de tudo, mestres na arte de coletar e utilizar dados pessoais, o motor da economia digital. Difícil para outros atores competirem nessas condições.
No entanto, "se os dados foram obtidos legalmente para construir produtos melhores, é considerado um sinal de eficácia", afirma Douglas Melamed.