INTERNACIONAL

Plano da China para instalar 'patriotas' em Hong Kong

A decisão da China de reformar o já limitado sistema eleitoral de Hong Kong é a medida mais recente destinada a sufocar a oposição ao governo de Pequim, depois dos enormes protestos pela democracia que abalaram a cidade

AFP
30/03/2021 às 10:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:25

A decisão da China de reformar o já limitado sistema eleitoral de Hong Kong é a medida mais recente destinada a sufocar a oposição ao governo de Pequim, depois dos enormes protestos pela democracia que abalaram a cidade.

Estas são as novas medidas e seu potencial impacto:

As "reformas" reveladas nesta terça-feira (30) são a revisão mais drástica do sistema político de Hong Kong desde que a cidade foi devolvida à China pela Grã-Bretanha em 1997.

Sob o modelo "um país, dois sistemas", a China prometeu que Hong Kong poderia manter certas liberdades e um certo nível de autonomia legislativa por 50 anos.

A cidade nunca foi uma democracia, apesar de sua miniconstituição, aprovada por Pequim, declarar que o "sufrágio universal" é o objetivo final.

Em seu lugar, criou-se um sistema político cuidadosamente calibrado foi criado para garantir que Pequim mantivesse o controle e, ao mesmo tempo, tivesse um verniz de livre escolha que permitia a existência de vozes de oposição.

Agora, o sistema está sendo revisto com uma campanha que Pequim batizou de "Patriotas administrando Hong Kong".

Acima de todo sistema, haverá um novo e poderoso comitê que examinará todas as candidaturas a cargos políticos. Aqueles que forem considerados uma ameaça à segurança nacional, ou não sejam patriotas o suficiente, não poderão se candidatar, ou disputar indicações.

Os que forem rejeitados não poderão tentar impugnar a decisão na Justiça.

Tam Yiu-Chung, o único delegado de Hong Kong no organismo chinês que aprovou a nova lei, disse à AFP que o comitê será criado pelas autoridades de Hong Kong e que o novo aparato de segurança nacional da cidade terá voz e voto nele.

Mesmo antes desta nova lei, a exclusão dos cidadãos de Hong Kong de cargos políticos por suas opiniões se tornou comum nos últimos anos.

Agora, o novo sistema amplia drasticamente o escrutínio ideológico.

Alvin Cheung, jurista do US-Asia Law Institute, da Universidade de Nova York, afirma que os dirigentes chineses nunca confiaram realmente em que os cidadãos de Hong Kong vota "de forma correta".

"Na perspectiva de Pequim, a eliminação da participação política significativa é necessária", disse ele à AFP.

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