INTERNACIONAL

Pesquisadora franco-iraniana é condenada a cinco anos de prisão em Teerã

Detida há cerca de um ano no Irã, a antropóloga franco-iraniana Fariba Adelkhah foi condenada, neste sábado (16), em Teerã, a cinco anos de prisão por crime contra "a segurança nacional", declarou seu advogado Said Dehghan

AFP
16/05/2020 às 12:48.
Atualizado em 30/03/2022 às 00:46

Detida há cerca de um ano no Irã, a antropóloga franco-iraniana Fariba Adelkhah foi condenada, neste sábado (16), em Teerã, a cinco anos de prisão por crime contra "a segurança nacional", declarou seu advogado Said Dehghan.

Essa especialista em xiismo, de 61 anos, pesquisadora da Universidade de Science Po, de Paris, sempre se declarou inocente.

Hoje, o governo francês denunciou a condenação "política" imposta no Irã contra ela e disse estar se mobilizando para sua libertação.

"Esta condenação não se baseia em nenhum elemento sério, ou fato estabelecido e, portanto, tem um caráter político", afirmou o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, em um comunicado.

"Eu condeno veementemente" essa sentença, acrescentou o ministro francês.

Ele pediu às "autoridades iranianas que libertem Adelkha imediatamente" e exigiu seu "acesso consular".

Segundo o advogado, a pesquisadora foi condenada a cinco anos de prisão por "conspirar contra a segurança nacional", e a mais um, por "propaganda contra o sistema político" da República Islâmica. Deve cumprir apenas a sentença mais longa.

Adelkhah foi presa em junho de 2019, assim como seu parceiro, o também pesquisador Roland Marchal. Ele foi solto recentemente, ao mesmo tempo em que a França pôs em liberdade o engenheiro iraniano Jalal Rohollahnejad, que estava sob ameaça de extradição para os Estados Unidos.

As prisões dos dois cientistas também foram denunciadas por seu comitê de apoio em Paris.

A condenação de Fariba Adelkhah é o produto de um "julgamento kafkaniano", sem a menor lógica judicial, disse seu comitê de apoio à AFP neste sábado.

"Não foi um processo legal justo. Claramente não houve um debate", disse o professor Jean-François Bayart, do Instituto de Estudos e Desenvolvimento Internacionais Avançados de Genebra (IHEID) e membro desse comitê de apoio.

A antropóloga condenada pertencia ao Centro de Pesquisas Internacionais (CERI) em Paris. Seu julgamento começou em 3 de março, na 15ª câmara do Tribunal Revolucionário de Teerã.

Adelkhah ficou bastante enfraquecida por uma greve de fome de 49 dias entre o final de dezembro passado e fevereiro deste ano, relatou seu advogado.

Segundo ele, como "deve haver pelo menos duas pessoas envolvidas" em um crime de "conspiração contra a segurança nacional", é possível que este segundo indivíduo seja Marchal. Seu caso ainda não foi oficialmente encerrado, apesar de sua libertação.

A acusação de "propaganda contra o sistema político" se refere à opinião da pesquisadora contra o uso do véu no Irã. Essas são opiniões de uma acadêmica, e não um juízo de valor, disse Dehghan.

Após sua greve de fome, o comitê de apoio de Adelkhah expressou sua preocupação com o risco de disseminação da COVID-19 nas prisões do Irã, um dos países mais afetados do mundo, com mais de 6.900 mortes.

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