O partido da vencedora do prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi conquistou a maioria absoluta nas eleições de Mianmar, de acordo com os resultados oficiais divulgados nesta sexta-feira, um pleito em que enfrentou a oposição alinhada com os militares e que foi criticado por grupos de defesa dos direitos humanos
O partido da vencedora do prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi conquistou a maioria absoluta nas eleições de Mianmar, de acordo com os resultados oficiais divulgados nesta sexta-feira, um pleito em que enfrentou a oposição alinhada com os militares e que foi criticado por grupos de defesa dos direitos humanos.
A Liga Nacional para a Democracia (NLD), que já havia declarado vitória com base em sua própria apuração, obteve 346 cadeiras, mais da metade do Parlamento, inclusive quando se considera as 25% de vagas reservadas aos militares, de acordo com os números da Comissão Eleitoral.
O partido melhorou os resultados de 2015, apesar do fato de que mais de 1,5 milhão de pessoas não puderam votar em áreas de minorias étnicas.
"As pessoas perceberam a necessidade de que a NLD obtenha os votos para formar um governo próprio", afirmou o porta-voz do partido, Myo Nyunt, à AFP, antes de acrescentar que isto ajudará a "minimizar os conflitos políticos".
O Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União (PSDU), alinhado com os militares, obteve apenas 25 cadeiras.
O PSDU alega que a eleição não foi livre nem justa e pediu a renúncia dos integrantes da Comissão Eleitoral da União (UEC). O partido deseja a convocação de novas eleições.
O analista Khin Zaw Win prevê que os próximos meses serão difíceis. Ele criticou os integrantes da UEC, que chamou de "anuentes e incompetentes".
De acordo com a Constituição, o governo designa todos os membros da Comissão Eleitoral.
Embora alguns votos sejam contestados, "a vitória da NLD é tão esmagadora que não mudaria os resultados", resume Richard Horsey, do Grupo de Crise Internacional.
Observadores afirmaram que as eleições aconteceram sem contratempos, apesar das previsões de baixa participação devido à recente nova onda de casos de coronavírus.
Mas eles condenaram a falta de transparência da Comissão Eleitoral e o cancelamento da votação em diversas áreas de minorias étnicas.
Grupos de defesa dos direitos humanos também criticaram a votação, que deixou praticamente todos os muçulmanos rohingyas sem condições de votar, porque eles se encontram em campos de refugiados em Bangladesh ou porque perderam a nacionalidade birmanesa.
A imagem de Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz de 1991, que continua muito popular em Mianmar, foi muito afetada no cenário internacional pela crise dos rohingyas. O país é acusado de genocídio.
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