Wagner da Silveira diz que 1º de Maio é momento de reflexão e olhares com vistas ao futuro (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, Wagner da Silveira, mais conhecido como Juca, entende que o Brasil passa por um momento crucial em relação à mão de obra, que pode inclusive comprometer o crescimento do setor industrial.
"Para enfrentarmos os desafios da alta tecnologia, dos sistemas de montagem robotizados, precisamos urgentemente de uma revolução no nosso ensino médio, focando e priorizando investimentos em qualificação e requalificação de trabalhadores, com o objetivo de gerar mão de obra treinada para o processo de manufatura", destaca.
Juca cita dados europeus para enfatizar esse gargalo. "Eles apontam que no Brasil apenas cerca de 10% das matrículas do ensino médio são em cursos de educação profissionalizante. Já em países como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Espanha, esses números chegam a mais de 40%".
Evidentemente, os países citados integram a frente desenvolvida do mundo ocidental. Por isso, diz ele, "é hora de mudarmos os paradigmas e preconceitos que afastam nossos jovens dos cursos profissionalizantes. A empregabilidade dessa mão de obra tende a ser muito maior e mais rápida do que a dos formados em nível superior".
Nesse sentido, ele entende que é importante prosseguir sempre nos estudo e na formação acadêmica e profissional de nível superior. "Mas temos convicção que a porta de entrada para as vagas nas indústrias está na qualificação possível do ensino médio". E a educação profissional, nesse sentido, torna-se o passaporte para uma indústria mais competitiva, "com mão de obra qualificada, melhor remunerada e empresas produzindo cada vez mais e com maior qualidade".
Para compensar essa defasagem, o Sistema S tem dado uma enorme contribuição. As Etec’s também. Além das escolas técnicas federais. "Mas precisamos de mais e com maior velocidade".
Ações em andamento
Juca conta que o Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, em parceria com o Simespi (sindicato patronal da Indústria) e com empresas locais tem feito sua parte, buscando a qualificação de jovens em comunidades carentes e com vulnerabilidade social.
"Dentro do princípio de responsabilidade social e parâmetros estabelecidos nos conceitos de ESG (meio-ambiente, responsabilidade social e governança), estamos avançando na busca de ações que garantam nesses novos tempos da indústria os direitos e a cada vez mais necessária qualificação da mão de obra da categoria metalúrgica".
Conclui ele: "Que esse 1º de Maio seja momento de reflexão e olhares com vistas ao futuro e sobre como devemos agir para garantir aos trabalhadores condições adequadas aos novos tempos".