INTERNACIONAL

Para desgosto de Trump, China infla seu superávit comercial com EUA

O superávit da China com os Estados Unidos aumentou ainda mais no ano passado, infligindo um golpe final a Donald Trump, que fez do reequilíbrio comercial uma prioridade de sua Presidência

AFP
14/01/2021 às 09:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 22:36

O superávit da China com os Estados Unidos aumentou ainda mais no ano passado, infligindo um golpe final a Donald Trump, que fez do reequilíbrio comercial uma prioridade de sua Presidência.

Garantindo que as guerras comerciais eram fáceis de vencer, o presidente dos Estados Unidos adotou postura hostil contra o gigante asiático em 2018, denunciando a competição "injusta" de Pequim.

O impasse resultou em tarifas recíprocas sobre centenas de bilhões de dólares em bens. O confronto comercial pesou na economia global e mergulhou o mundo dos negócios em um clima de incerteza.

Pequim e Washington assinaram, porém, uma trégua em janeiro de 2020, pouco antes de o mundo ser afetado pela pandemia de covid-19.

De acordo com os termos do acordo, a China concordou em comprar US$ 200 bilhões adicionais em bens americanos ao longo de dois anos, o que supostamente ajudaria a reduzir o déficit americano.

Em 2020, no entanto, a China voltou a registrar um superávit comercial de 7,1%, a 316,9 bilhões de dólares, com os Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira a Alfândega chinesa, a menos de uma semana da saída do bilionário republicano da Casa Branca.

No ano passado, em meio à pandemia, a demanda por produtos médicos e eletrônicos para teletrabalho impulsionou amplamente as exportações chinesas para os EUA.

Na outra direção, as restrições sanitárias nos Estados Unidos foram um freio ao comércio com a China, avalia a economista Iris Pang, do banco ING.

Apesar de tudo, Pequim fez "esforços contínuos para cumprir seus compromissos" com Washington, segundo o analista Ting Lu, do banco de investimentos Nomura, observando em dezembro um aumento de 45% em um ano nas importações chinesas dos Estados Unidos.

Os economistas acreditam que o futuro governo de Joe Biden deixará em vigor, pelo menos inicialmente, as sobretaxas sobre os produtos chineses.

Em uma entrevista publicada na segunda-feira, o negociador americano (USTR) Robert Lighthizer instou o próximo governo a manter essas sanções e justificar a guerra comercial.

"Transformamos a maneira como as pessoas pensam sobre o comércio e mudamos os modelos", disse ele.

Com o mundo como um todo, o superávit comercial da China atingiu seu nível mais alto desde 2015, de US$ 535 bilhões (+27% em um ano).

Apenas com a União Europeia, segundo parceiro comercial de Pequim depois do Sudeste Asiático, caiu 19%, para US$ 132,4 bilhões.

A chegada das vacinas significa que a demanda global por produtos ligados à pandemia se reduzirá, e isso "corre o risco de penalizar" as exportações chinesas no médio prazo, alerta o analista Tommy Wu, da Oxford Economics.

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