O Papa Francisco, que fez grandes esforços diplomáticos para renovar um acordo com a China em outubro, mencionou pela primeira vez a perseguição à minoria muçulmana dos uigures
O Papa Francisco, que fez grandes esforços diplomáticos para renovar um acordo com a China em outubro, mencionou pela primeira vez a perseguição à minoria muçulmana dos uigures.
"Penso muito nos povos perseguidos: os rohingya, os pobres uigures, os yazidis - o que o Daesh fez com eles foi muito cruel - ou os cristãos no Egito e no Paquistão, mortos por bombas detonadas enquanto rezavam na igreja", comentou o pontífice em livro lançado nesta segunda-feira (23), intitulado "Vamos sonhar juntos".
O Vaticano nunca se pronunciou oficialmente sobre a perseguição aos uigures, mesmo que dois cardeais asiáticos o tenham feito no verão passado.
No dia 22 de outubro, o Vaticano e a China renovaram por dois anos um delicado acordo sobre a nomeação dos bispos. Anteriormente, os Estados Unidos pediram ao papa para denunciar todas as perseguições religiosas na China, tanto contra os católicos quanto contra a minoria uigur.
Os uigures são o principal grupo étnico em Xinjiang (noroeste da China). De acordo com organizações de direitos humanos, mais de um milhão de pessoas foram colocadas de forma compulsória em "campos" nesta região. A China afirma que estes são "centros de formação profissional".
Em seu livro, que será publicado oficialmente em 2 de dezembro, o papa fala mais amplamente sobre o povo rohingya, uma minoria muçulmana perseguida na Birmânia e da qual muitos membros se refugiaram no vizinho, Bangladesh.
"Tenho uma afeição particular pelos rohingya. No momento, eles são o grupo humano mais perseguido da Terra", disse o papa argentino.
"Há milhares deles em campos de refugiados em Bangladesh, onde a covid-19 causa danos", acrescenta ele, falando de "uma injustiça que clama aos céus".
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