O papa Francisco visitará o Iraque de 5 a 8 de março, sua primeira viagem internacional desde o início da pandemia do novo coronavírus, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira (7)
O papa Francisco visitará o Iraque de 5 a 8 de março, sua primeira viagem internacional desde o início da pandemia do novo coronavírus, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira (7).
"Aceitando o convite da República do Iraque e da igreja católica local, o papa Francisco fará uma viagem apostólica a este país de 5 a 8 de março de 2021, durante a qual visitará Bagdá", assim como a região de Ur, cidade em que segundo a tradição nasceu Abraão, e Mossul e Qaraqosh, no norte, que tem uma importante comunidade cristã, informou o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.
A planície do Nínive foi ocupada pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) entre 2014 e 2017.
Esta é uma visita histórica, que "representa um gesto concreto de proximidade a toda a população deste país martirizado", afirma o portal de notícias do Vaticano, Vatican News.
O governo do Iraque, que declarou vitória sobre o grupo EI há três anos, decretou em março um confinamento em uma tentativa de conter a pandemia, o que gerou graves consequências econômicas para um país já duramente afetado pela crise.
O pontífice, que desejava sua primeira viagem ao exterior para um local especialmente afetado pelo coronavírus, escolheu o Iraque "por seu forte simbolismo religioso e como um apoio explícito ao retorno das comunidades cristãs, que fugiram ante a perseguição do (grupo jihadista) Estado Islâmico", explicou a página Religião Digital.
De acordo com o portal do Vaticano, no Iraque antes de 2003 - ano do início de uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos que levou à queda de Saddam Hussein -, os cristãos somavam cerca de 1 a 1,4 milhão de pessoas.
"O horror da guerra e a ocupação da planície do Nínive pelo EI entre 2014 e 2017 os reduziu para entre 300.000 e 400.000", destaca o portal.
A viagem, portanto, inclui essa etapa muito importante em Nínive, epicentro da perseguição dos cristãos iraquianos.
O Vaticano, no entanto, destacou nesta segunda-feira que "o programa da viagem será publicado posteriormente, considerando a evolução da crise de saúde mundial".
Francisco expressou claramente sua intenção de visitar o Iraque em junho de 2019, durante uma audiência com os participantes de uma conferência sobre as igrejas orientais.
A escolha de Erbil, capital do Curdistão, também pretende ser um apoio aos curdos, "presos em uma guerra sem fim e ao assédio da Turquia", destaca o especialista da Religião Digital.
A viagem do papa representa "uma mensagem de paz para o Iraque e toda a região", reagiu por sua vez nesta segunda-feira o ministério das Relações Exteriores iraquiano.
Em 25 de janeiro deste ano, o papa recebeu em audiência privada no Vaticano o presidente do Iraque Barham Salih, durante a qual ele fez oficialmente o convite e destacou o papel dos cristãos para a reconstrução de seu país.
O portal do Vaticano lembra também que João Paulo II tinha uma visita programada ao Iraque, à planície de Ur dos Caldeus, no final de 1999, mas que foi suspensa após meses de negociações a pedido de Saddam Hussein.