INTERNACIONAL

Pandemia provoca forte impacto na venda de jogadores brasileiros

As notícias de vendas milionárias para clubes na Europa ou na Ásia costumavam parar nas manchetes dos jornais

AFP
10/09/2020 às 16:02.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:25

As notícias de vendas milionárias para clubes na Europa ou na Ásia costumavam parar nas manchetes dos jornais. Com as transferências, os clubes brasileiros sustentavam seu orçamento anual, mas a pandemia abalou drasticamente o mercado do maior exportador de jogadores do mundo.

As transferências de jogadores para o exterior, que representam quase um quarto do faturamento dos times brasileiros, caíram 61,8% em relação ao período de transferências de meados de 2019, segundo contagem feita pela AFP a partir de dados do portal especializado Transfermarkt.

Entre 1º de junho e 8 de setembro, pelo menos 74 jogadores do campeonato brasileiro partiram - vendidos, emprestados ou gratuitamente - para ligas estrangeiras, principalmente da Europa (56) e da Ásia (13). No mesmo período de 2019, 194 atletas foram transferidos.

O mercado "está mais tímido em relação a outras épocas. A gente vê clubes buscando não gastar tanto porque a situação financeira de todo o mundo é muito complicada", explicou o comentarista Gustavo Hofman, da ESPN.

A covid-19, que no Brasil já deixou mais de 127.000 mortes e 4,1 milhões de infecções, não apenas desacelerou o mercado de transferências. Os valores das transações caíram consideravelmente.

Em 2019, por exemplo, o Real Madrid pagou 45 milhões de euros ao Santos pelo passe de Rodrygo, o Atlético de Madrid depositou 20 milhões na conta do Athletico Paranaense por Renan Lodi e o Barcelona pagou 12 milhões ao Atlético Mineiro por Emerson. No total, 77 milhões.

Até ao momento, as três maiores contratações do período analisado em 2020 somam 61,75 milhões de euros: o Benfica pagou 28 milhões ao Grêmio por Everton e 18 milhões ao Corinthians por Pedrinho, enquanto Antony deixou o São Paulo para se transferir ao Ajax por 15,75 milhões.

"Talvez o Everton, em outro momento, tivesse sido vendido um pouco mais caro para o Benfica", analisa Hofman.

O Brasil (2.742) é o país com mais jogadores em outras ligas, seguido da Argentina (2.330) e da França (1.740), segundo relatório divulgado em maio pelo Observatório de Futebol do CIES.

No ano passado, os vinte times do Brasileirão e os quatro que subiram registraram 1,4 bilhão de reais em transferências de atletas de um total de 5,7 bilhões faturados, segundo contagem da Globo News baseada em documentos oficiais.

As vendas de jogadores são a segunda maior receita dos clubes atrás dos direitos de transmissão (2,2 bilhões de reais), de acordo com a pesquisa.

Boa parte dos times do Brasil fechou 2019 com dívidas e perdas impagáveis, afirma Rodrigo Capelo, jornalista especializado em negócios esportivos do Globoesporte.com.

"Várias das fragilidades dos clubes brasileiros foram agravadas pela pandemia", acrescenta.

Embora a covid-19 "tenha cortado o fluxo de receita" dos dos times - como bilheterias, direitos de televisão e patrocinadores diante da suspensão dos campeonatos - a desvalorização do real frente ao dólar americano mitiga a queda nas vendas externas, destaca.

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