Na Grécia, a ovelha negra da digitalização na Europa, a administração pública acelerou sua transformação nesse setor em tempos de home office e distanciamento físico pela pandemia de coronavírus, segundo especialistas
Na Grécia, a ovelha negra da digitalização na Europa, a administração pública acelerou sua transformação nesse setor em tempos de home office e distanciamento físico pela pandemia de coronavírus, segundo especialistas.
Com as medidas de confinamento, "os países atrasados em sua transformação digital enfrentaram um desafio maior", disse à AFP Kyriakos Pierrakakis, ministro grego de Governança Digital.
Na Grécia, "a presença física era um costume, as atividades remotas uma exceção" e o país precisava se atualizar. Era uma promessa de campanha do primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis e a pandemia acelerou sua implementação.
Em 2019, a Grécia foi um dos últimos países europeus em "desempenho digital". No último DESI (Índice de Economia e Sociedade Digital), publicado pela Comissão Europeia, ocupou a 25ª posição entre os 27 países da UE.
As habilidades digitais estavam entre as mais baixas, pois cerca de 20% da população ativa não possuía habilidades ou acesso à Internet, quando a média da UE era de 10% em 2019, segundo dados do Eurostat.
Antes da pandemia, "o atraso digital na Grécia era uma constante, uma herança socioeconômica na União Europeia", comentou à AFP Nikos Smyrnaios, professor de Ciências da Informação e Comunicação da Universidade de Toulouse.
Se "a crise econômica e os memorandos impuseram à Grécia uma aceleração da digitalização do serviço público, até então em um estado arcaico, isso foi feito "no estilo grego", sob pressão e de maneira desordenada", disse Smyrnaios à AFP.
O governo grego lutou para enfrentar o desafio em plena pandemia em um país pouco afetado pelo coronavírus, com apenas 166 mortes.
Em 21 de março, quando escolas e empresas fecharam, foi criada uma plataforma comum agrupando todos os serviços públicos, permitindo acesso simplificado aos cidadãos.
O governo "passou a permitir assinatura digital de documentos, eliminando a necessidade de ir pessoalmente às administrações", disse o ministro Pierrakakis.
Durante o período de confinamento estrito, entre 23 de março e 4 de maio, as autoridades desmaterializaram os certificados de saída.
Uma iniciativa acolhida com satisfação pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pois permitiu que "cidadãos e empresas parassem de suportar encargos inúteis".
Para manter a atratividade da Grécia, apesar da incerteza da próxima temporada turística, o ministério do Turismo também investiu no setor digital, lançando a plataforma #Greecefromhome, para descobrir a história, a cultura e as paisagens do país.
O especialista Nikos Smyrnaios observou "um aumento global no tempo gasto na internet durante esse período".