"Somos migrantes, não somos escravos", disse Renick Miseney, um haitiano entre cerca de 2.000 migrantes que lotam abrigos no Panamá
"Somos migrantes, não somos escravos", disse Renick Miseney, um haitiano entre cerca de 2.000 migrantes que lotam abrigos no Panamá.
Depois de atravessar a fronteira da Colômbia, refugiados de Cuba, Haiti, Bangladesh, Nepal, Congo, Camarões e Índia ficaram bloqueados no país.
Devido à pandemia do novo coronavírus, eles foram impedidos de continuar sua jornada para os Estados Unidos, Canadá ou México.
Antes da crise, cem deles eram enviados todos os dias, com a permissão de San José, para a fronteira com a Costa Rica, onde continuavam sua jornada, até que as fronteiras foram fechadas pelo coronavírus.
A situação aumentou a tensão nos campos, onde os migrantes pedem melhores condições de acomodação e permissão para prosseguirem.
Autoridades os acusam de incendiar armazéns médicos em La Peñita, um campo em Darien, na fronteira com a Colômbia.
Também denunciam danos a veículos e retenção forçada de funcionários, acusações negadas pelos estrangeiros que culpam a polícia.
Miseney tentava chegar ao México para tentar a sorte com a esposa e o filho de 15 meses.
Mas a pandemia o surpreendeu e agora ele permanece no campo de Lajas Blancas, em Darien.
"Muitos migrantes estão aqui há seis meses. Dormimos e vivemos mal. Não sabemos quando vamos sair daqui", disse Miseney.
"Estamos com cavalos, vacas, burros, cabras, galinhas", disse Miseney.
Em um vídeo enviado à AFP, um haitiano, identificado como Marco, denuncia que cerca de 1.500 pessoas em La Peñita são tratadas "como se fossem cães".
"Não existe vida razoável aqui, as pessoas dormem em papelão e ferro (ferro)", acrescenta.
Cerca de 24.000 pessoas atravessaram a floresta de Darien em 2019 e este ano mais de 4.000 fizeram a mesma jornada, apesar do perigo, segundo dados oficiais.