INTERNACIONAL

Pandemia aprofundará desigualdades na América Latina, alerta BID

A pandemia do novo coronavírus terá repercussões devastadoras no mercado de trabalho e aprofundará as desigualdades na América Latina, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (8), realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) juntamente com a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos

AFP
13/05/2020 às 04:38.
Atualizado em 30/03/2022 às 00:01

A pandemia do novo coronavírus terá repercussões devastadoras no mercado de trabalho e aprofundará as desigualdades na América Latina, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (8), realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) juntamente com a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.

"Os efeitos foram devastadores, estão estreitamente vinculados com a composição dos mercados de trabalho da região e terão consequências significativas na desigualdade econômica" na região, destacou o documento.

A pesquisa, feita em 17 países entre 27 de março e 30 de abril, com a participação de 200.000 pessoas, revelou que cerca de 45% dos participantes afirmaram que um dos membros de seu lar perdeu o emprego durante a pandemia.

Entre os lares consultados nos quais um membro tinha um empreendimento, 57% reportaram o fechamento de sua pequena empresa.

"As taxas de perda de empregos e fechamentos de empresas são particularmente devastadoras para os pobres, o que aprofundará a desigualdade", disseram os especialistas.

A consulta mostrou que os lares com menor renda antes da pandemia - ou seja, com renda familiar abaixo do salário mínimo nacional - registraram taxas mais elevadas de perda de emprego, mais de 40 pontos percentuais acima dos lares com renda mais alta.

O estudo destacou que uma das causas poderia ser que "trabalhar de casa é um luxo que muitos lares com rendas mais baixas não podem se permitir".

A pesquisa do BID também indicou que há "diferenças consideráveis na gravidade destes efeitos no mercado de trabalho entre os países, que poderiam exacerbar a desigualdade entre os mesmos".

Uma hipótese para explicar esta tendência é a diferença na informalidade nos diferentes países, já que ela está vinculada a taxas mais altas de perda de emprego e fechamento de empresas.

Em países como Colômbia, Peru e Equador, onde há mais trabalhadores informais, houve mais perdas de empregos.

Segundo a pesquisa, 30% dos entrevistados informaram que seus rendimentos familiares foram inferiores ao salário mínimo. Em abril, 50% esperavam que sua renda familiar estivesse abaixo deste limite.

"A pandemia do coronavírus também tem efeitos desproporcionais na segurança alimentar dos lares com renda mais baixa", indicou o estudo, destacando que os lares com menores recursos têm mais probabilidades de "sofrer fome" e seguir uma dieta menos saudável.

O estudo também mostrou que para enfrentar a crise muitos lares recorrem a transferências familiares.

"Setenta por cento dos entrevistados com renda abaixo do salário mínimo em janeiro" afirmaram ter recebido empréstimos ou transferências de familiares ou amigos na semana anterior, informou a pesquisa.

Um tema-chave em muitos países é o das remessas, que o Banco Mundial advertiu que serão reduzidas devido à crise global do coronavírus. Só 40% dos pesquisados que regularmente recebem remessas do exterior asseguraram tê-las recebido durante a semana anterior ao estudo.

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