INTERNACIONAL

Pacientes no Paquistão apostam em arriscada transfusão de plasma

A eficácia do tratamento da CODIV-19 com plasma não está comprovada, mas muitos paquistaneses desesperados arriscam a vida com essa transfusão, alimentando um mercado ilegal em expansão

AFP
22/07/2020 às 10:49.
Atualizado em 25/03/2022 às 19:09

A eficácia do tratamento da CODIV-19 com plasma não está comprovada, mas muitos paquistaneses desesperados arriscam a vida com essa transfusão, alimentando um mercado ilegal em expansão.

Muitos países, incluindo o Paquistão, lançaram testes para verificar se a transfusão de plasma sanguíneo de pessoas curadas poderia ajudar, com seus valiosos anticorpos, a eliminar o vírus mais rapidamente.

Mas alguns pacientes estão cada vez mais tentados a recorrer a clínicas particulares ou ao mercado negro, sem qualquer garantia sobre a origem ou a qualidade do produto sanguíneo.

"É o produto do desespero. Todo mundo quer acreditar que existe uma resposta" ao coronavírus, disse à AFP Fareeha Irfan, especialista em saúde pública do Paquistão.

"É fácil tirar proveito da credulidade de pessoas que não estão muito conscientes do que está acontecendo no mundo científico", acrescentou.

O Paquistão registra oficialmente cerca de 260.000 casos de coronavírus e 5.500 mortes. Mas os números reais são muito superiores, porque os testes são limitados.

A Sociedade Paquistanesa de Hematologia explicou que as informações que circulam sobre o plasma contribuíram para fazer com que a população e o pessoal médico acreditassem que esse tratamento já era comum.

"O uso de plasma de pessoas curadas pode causar reações potencialmente mortais ou até transmitir infecções", alertou a Sociedade.

Nawaz Murad, um estudante universitário de Lahore, diz que os médicos o aconselharam a tentar, como último recurso, o tratamento com plasma para seu pai que sofria da COVID-19, e cuja saúde se deteriorava rapidamente.

Em pânico, recorreu ele se voltou ao Facebook, onde encontrou um doador em poucas horas. E para evitar perder tempo, não foram feitos exames de sangue para descartar a presença de infecções como hepatite ou HIV.

"Tive que correr o risco. Não tivemos escolha a não ser fazer a transfusão o mais rápido possível. Não era uma situação normal. Era uma situação de intenso estresse para minha família", disse Murad.

O doador deu o plasma gratuitamente. Mas Murad pagou o equivalente a cerca de US$ 100 a um médico que fez a transfusão em casa. Algumas clínicas cobram até US$ 300.

Segundo o jurista Osama Malik, as autoridades provinciais e federais fecham os olhos para o fato de que centros não autorizados cobram um preço alto por essas transfusões.

"Os sete centros (oficiais de transfusão) não conseguem lidar com o alto número de pacientes desesperados", explicou à AFP.

O pai de Murad agora está melhor, e sua família atribui isso à transfusão.

Atualmente, não há certezas sobre o coronavírus, mas alguns estudos concluíram que as transfusões de plasma são úteis no combate a outras doenças infecciosas, como SARS ou Ebola.

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