INTERNACIONAL

Os migrantes indefesos diante do coronavírus

Com a interrupção dos programas de acolhimento, a suspensão dos trâmites de asilo e os confinamentos da quarentena, os migrantes na Europa estão mais vulneráveis do que nunca diante da pandemia do novo coronavírus

AFP
21/03/2020 às 12:16.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:17

Com a interrupção dos programas de acolhimento, a suspensão dos trâmites de asilo e os confinamentos da quarentena, os migrantes na Europa estão mais vulneráveis do que nunca diante da pandemia do novo coronavírus.

Um exemplo disso foi experimentado na própria pele pelo sírio Mahmud Ajluni, quando se apresentou na quinta-feira em uma administração de Berlim para obter sua nova permissão de moradia, e se deparou com os escritórios fechados.

"Recebi uma chamada", explica este jovem refugiado na Alemanha há cinco anos e que só tem como documento de identidade um certificado provisório.

Quando poderá recuperar o precioso documento? "Não faço ideia, não tenho nenhuma informação", disse preocupado.

Na Alemanha, onde vivem 1,3 milhão de solicitantes de asilo e migrantes, os serviços públicos destinados a eles estão quase paralisados.

Algumas entrevistas, elementos-chave nesses processos de asilo, foram suspensas, segundo o ministério do Interior.

As autoridades também delimitaram as situações para apresentar o pedido de asilo. Só podem ser realizados se o solicitante der negativo ao teste do COVID-19 ou depois de um período de 14 dias de quarentena.

A Alemanha interrompeu também seus programas de acolhimento humanitário de refugiados, vindos da Turquia e do Líbano, embora tenha se comprometido este ano a acolher 5.500 pessoas, a maioria sírios.

A nível geral, a pandemia põe em cheque o sistema de asilo em toda a Europa, já que a União Europeia fechou suas fronteiras externas por 30 dias.

Neste contexto, a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) alertou que não se pode deixar os solicitantes de asilo sem acolhimento ou forçá-los a voltar.

Na Alemanha, vários casos de contágio em refugiados obrigaram as autoridades a impor medidas de quarentena nos centros de acolhimento para migrantes.

Em alguns destes centros, como o de Suhl, no leste do país, onde há 533 migrantes em quarentena, a situação levou a confrontos. Foi preciso enviar 200 policiais como reforço e 22 pessoas foram transferidas para uma antiga prisão para jovens.

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