Novo ano

Os horizontes de 2023

Quais as expectativas de lideranças piracicabanas para o novo ano que se inicia? Como deve encaminhar a economia, principalmente, no novo governo que toma posse neste domingo? Confira os sonhos e desejos de profissionais de várias áreas ouvidos pela Gazeta

Romualdo Cruz Filho
31/12/2022 às 06:52.
Atualizado em 31/12/2022 às 06:55
‘Tudo indica que teremos um governo envelhecido, comandado por conservadores de esquerda’ (Divulgação)

‘Tudo indica que teremos um governo envelhecido, comandado por conservadores de esquerda’ (Divulgação)

Há várias formas de traçar perspectivas para 2023. Se o analista é do estilo pessimista inveterado, verá sempre nuvens escuras pelo caminho, com fortes chances de trovões e tempestades. As possibilidades de problemas sociais, políticos e econômicos, nesse caso, independem do governante da hora. É um destino inelutável do brasileiro, arrastado sempre pelo instinto de sobrevivência.

Para o analista que passou os últimos quatro anos esperando o fim do governo Bolsonaro, sonhando com o retorno de um líder de esquerda no poder, ignorando inclusive as mazelas lulistas em sua longa estadia pelo Planalto Central, e tendo a certeza de que existe apenas um grande líder de esquerda no Brasil, para este, o amanhã é sorridente. Vai acontecer o que lhe parece natural, mesmo que o resultado seja o avesso do esperado. 

Mas para a média do empresário piracicabano, que espera ações objetivas de um governo em direção a um mercado dinâmico e crescente, sem viés ideológico, sem sobrecarga tributária, capaz de um salto nas relações internacionais e na conquista de novas fronteiras de desenvolvimento, explorando os potenciais socieconômicos de cada região do país, a percepção não é de pessimismo, não é de otimismo, é de pura interrogação e suspense.

O presidente do Simespi, Euclides Libardi, destaca que no plano econômico, o governo Bolsonaro foi fortemente marcado pela pandemia. "O mundo inteiro sofreu com isso. Então podemos chamá-la de um desastre global. Em Piracicaba, no setor industrial, faltavam equipamento e matéria prima, faltava sincronia para inviabilizar a produção. Isso fez com que o faturamento das empresas despencasse". Depois, com fim da fase mais crítica, segundo ele, o cenário foi melhorando, "e chegamos ao final de 2022 bem otimistas".

A eleição de Lula, propriamente dito, não foi o maior choque do momento. Mas a composição dos seus ministérios sim. "A campanha foi marcada por uma nota só: assistencialismo. Não se falava outra coisa. Agora vemos os ministros em postos chaves, parcela expressiva de esquerdistas e fisiológicos. Tudo indica que teremos um governo envelhecido, comandado por conservadores de esquerda. A palavra privatização some do cenário, o apego às estatais aumenta, com forte risco de manipulação de seus resultados. Falta se falar em política econômica e planejamento. São aspectos que se conflitam com o que tem vindo à tona até aqui", observa.

Libardi aposta na eficiência do ministro da Educação. "Camilo Santana fez uma boa gestão no governo do Ceará e pode ser uma surpresa positiva. Para nossa região, será um desastre um ministro que não tenha um olhar para a ciência e a tecnologia, para os cursos profissionalizantes, que são a base da nossa estrutura produtiva. Ele pode vir com ideias novas nesse sentido e serão bem-vindas". 

O presidente do Simespi não está tão preocupado com 2023, mas com os próximos anos. "As nossas empresas estão com pedidos em carteira e precisam honrar com esses compromissos. São empresas com um know how muito grande para enfrentar problemas e superá-los. Mas se o governo for de fato ideológico, como se supõe, e não tiver uma boa visão do agronegócio, que é o nosso maior comprador, pode colocar muita coisa a perder. Portanto, é nestes primeiros movimentos do governo que estamos atentos, pois são eles que vão indicar o que será do amanhã," concluiu.

Marcelo Cançado, presidente da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), recorda que as vendas no comércio varejista de Piracicaba, em 2022, foram positivas. Inclusive o período de Natal foi favorável. "O Estado de São Paulo registrou, neste ano, recorde de vendas dos últimos 14 anos, segundo pesquisa da FecomercioSP. Cenário impulsionado, principalmente, por vestuários e calçados".

Ele observa também que a pandemia reprimiu a comercialização. "Agora, quando caminhamos para a normalidade, vimos o retorno das pessoas às ruas. Situação favorecida, principalmente, pelo avanço dos empregos formais". 

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