INTERNACIONAL

Oposição vai às ruas da Bolívia contra prisão de Áñez; EUA expressa 'preocupação'

Dezenas de milhares de opositores saíram às ruas de várias cidades da Bolívia para protestar a prisão da ex-presidente Jeanine Áñez por suposto golpe de Estado contra o ex-mandatário esquerdista Evo Morales em 2019

AFP
16/03/2021 às 00:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:58

Dezenas de milhares de opositores saíram às ruas de várias cidades da Bolívia para protestar a prisão da ex-presidente Jeanine Áñez por suposto golpe de Estado contra o ex-mandatário esquerdista Evo Morales em 2019.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os Estados Unidos expressaram preocupação com o novo clima de tensão política na Bolívia.

"Não foi golpe. Foi fraude", diziam cartazes de manifestantes que, com a pandemia como pano de fundo, participaram de marchas, manifestações em frente ao Ministério Público e concentrações pacíficas em praças das cidades de La Paz, Cochabamba (centro), Sucre (sudeste), Trinidad (noroeste) e Santa Cruz (leste).

Em Santa Cruz, capital econômica da Bolívia e bastião da oposição, a concentração reuniu cerca de 40.000 pessoas na praça Cristo Redentor, emblemático lugar de reuniões públicas da direita, segundo estimativas de autoridades locais. Na Bolívia a polícia não realiza este tipo de cálculo.

Foi possível ouvir buzinas contra a prisão da ex-presidente interina (2019-2020) e de seus dois ex-ministros, apontada em uma denúncia apresentada em dezembro por uma ex-deputada do Movimento ao Socialismo (MAS) por conspiração para cometer um suposto golpe contra Morales.

As acusações também são dirigidas contra o líder civil de Santa Cruz e governador eleito, Luis Fernando Camacho.

Camacho, que venceu as eleições em sua região com mais de 55% dos votos, chamou Áñez e seus colaboradores de "presos políticos". "Não vamos deixá-los sozinhos", prometeu, conclamando seus seguidores a permanecerem mobilizados e a fazer com que o governo do esquerdista Luis Arce pare com as prisões.

O governo do Peru informou que Roxana Lizárraga, ex-ministra de Áñez, solicitou asilo.

A oposição de direita e de centro acusa a Justiça de estar subordinada ao governo de Arce, o herdeiro político de Morales.

Áñez, 53, foi presa no sábado na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni (nordeste), e na segunda-feira foi encarcerada em uma prisão em La Paz. Ela foi condenada a quatro meses de prisão preventiva.

Washington foi o último ator internacional a expressar sua preocupação, como fizeram a Comissão Europeia e a ONU no fim de semana, pelos acontecimentos na Bolívia desde a prisão de Áñez, no sábado.

"Os Estados Unidos estão acompanhando com preocupação os desdobramentos relacionados à recente prisão de ex-funcionários pelo governo boliviano", disse Jalina Porter, porta-voz adjunta do Departamento de Estado.

Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, destacou que "o sistema judicial boliviano não está em condições de oferecer as garantias mínimas de um julgamento justo" e pediu a liberação do detidos.

Pelo Twitter, Morales respondeu a Almagro afirmando que "ele também deve ser julgado por promover o golpe e por crimes contra a humanidade".

Um relatório da OEA encontrou irregularidades nas eleições de 2019, que Morales rejeitou.

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