INTERNACIONAL

ONU condena 'firmemente' a repressão militar em Mianmar

O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente", nesta quarta-feira (10) a repressão em Mianmar, onde centenas de policiais e soldados lançaram uma operação em Yangon contra trabalhadores ferroviários em greve e oponentes da junta militar golpista

AFP
10/03/2021 às 18:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:02

O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente", nesta quarta-feira (10) a repressão em Mianmar, onde centenas de policiais e soldados lançaram uma operação em Yangon contra trabalhadores ferroviários em greve e oponentes da junta militar golpista.

O documento, adotado por seus 15 membros - entre eles a China e a Rússia - critica os militares de uma forma sem precedentes e e pede "maior contenção", embora não mencione a palavra "golpe" ou possíveis sanções.

O Conselho de Segurança, que "condena firmemente a violência contra manifestantes pacíficos, incluindo mulheres, jovens e crianças", pede às partes que "busquem uma solução pacífica", de acordo com o texto acordado pela AFP.

O documento elaborado pelo Reino Unido, uma ex-potência colonial, também pede "a libertação imediata de todos os detidos arbitrariamente" desde 1º de fevereiro, quando os generais derrubaram o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Aproveitando a divisão até então na comunidade internacional, que enfrentou vetos de Moscou e Pequim, tradicionais aliados da junta militar, os generais mantiveram a repressão.

Centenas de policiais e veículos militares foram mobilizados ao redor da área de moradia dos funcionários da estação Ma Hlwa Gone, na zona leste da capital econômica do país.

"Bloqueiam as portas (dos apartamentos) e as destroem para entrar", contou à AFP uma familiar de um funcionário, que pediu anonimato por temer represálias

De acordo com a mulher, que expressou sua preocupação "pelos trabalhadores" e suas famílias, cerca de 800 funcionários participam do movimento de desobediência civil nesta estação.

Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar desde o golpe de Estado.

Os principais sindicatos convocaram a "paralisação total da economia" para tentar interromper as atividades no país e aumentar a pressão sobre os militares.

A junta ordenou que o retorno dos funcionários ao trabalho em 8 de março e ameaçou os grevistas de demissão e represálias.

Desde o golpe de Estado, o país é cenário de protestos diários. Na quarta-feira, uma forte presença policial e militar foi visível em Yangon, onde barricadas improvisadas foram incendiadas por manifestantes.

No bairro de Okkalapa, foram feitas "centenas de detenções", segundo um salva-vidas. "Alguns manifestantes foram espancados, há feridos", acrescentou.

"Pedimos às forças de segurança que se retirem da área, libertem os detidos e permitam que as pessoas saiam com segurança", tuitou a embaixada dos Estados Unidos, relatando que jovens foram cercados naquela área de Yangon.

A junta parece mais determinada do que nunca a impor o regime, com operações em edifícios residenciais, hospitais, universidades, detenções em larga escala e o uso de munição letal.

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