A ONU pediu, nesta terça-feira (16), uma investigação independente sobre um incêndio na capital do Iêmen, Sanaa, que causou a morte de dezenas de migrantes em um centro de detenção
A ONU pediu, nesta terça-feira (16), uma investigação independente sobre um incêndio na capital do Iêmen, Sanaa, que causou a morte de dezenas de migrantes em um centro de detenção.
"Deve haver uma investigação independente sobre a causa do incêndio", declarou o enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, ao Conselho de Segurança.
A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou nesta terça-feira os rebeldes houthis do Iêmen de disparar "projéteis não identificados" em um centro para migrantes em Sanaa, causando um incêndio que causou dezenas de mortes.
O incêndio começou em 7 de março em um centro de detenção na capital do Iêmen, que é controlada pelos rebeldes houthis como a maior parte do norte do Iêmen.
Segundo a ONG, os guardas do centro haviam reunido os migrantes em um galpão, principalmente etíopes, que protestavam contra as condições de detenção.
Eles então lançaram dois projéteis, um dos quais "explodiu com força e iniciou um incêndio".
"Os migrantes disseram que o primeiro projétil produziu muita fumaça e fez seus olhos arderem e lacrimejarem", explicou a HRW.
"As autoridades houthis devem colaborar urgentemente com as autoridades etíopes, cujos cidadãos padecem em centros de detenção iemenitas sob seu controle", acrescentou a ONG.
Ainda de acordo com a mesma fonte, centenas de sobreviventes foram tratados por queimaduras em hospitais da capital vigiados de perto pelos houthis, dificultando o acesso humanitário aos feridos.
Griffiths, por sua vez, declarou que "o mundo se lembrou da difícil situação da comunidade migrante na semana passada, quando um incêndio extraordinário e horrível irrompeu em um centro de detenção em Sanaa, onde viviam principalmente migrantes etíopes".
O enviado ao Iêmen disse que dezenas de pessoas morreram no incêndio e mais de 170 ficaram gravemente feridas.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu na semana passada "acesso humanitário urgente" aos migrantes e reportou vários relatos de associações que estimam entre 40 e 60 mortes.
Há mais de seis anos, o Iêmen é devastado por uma guerra entre os houthis, apoiados pelo Irã, e forças governamentais apoiadas por uma coalizão liderada por Riade.
O conflito ceifou dezenas de milhares de vidas, segundo ONGs, e causou a pior crise humanitária do mundo, segundo as Nações Unidas.
Apesar da guerra, os migrantes do Chifre da África continuam a transitar pelo Iêmen na esperança de chegar aos países vizinhos ricos do Golfo.