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OMS deve defender sua independência para ter credibilidade, diz alto funcionário

A Organização Mundial da Saúde (OMS) deve defender sua independência para manter a credibilidade, explicou um alto funcionário italiano da agência das Nações Unidas, à qual acusa de ter censurado um relatório sobre a gestão da pandemia na Itália

AFP
08/01/2021 às 16:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 19:31

A Organização Mundial da Saúde (OMS) deve defender sua independência para manter a credibilidade, explicou um alto funcionário italiano da agência das Nações Unidas, à qual acusa de ter censurado um relatório sobre a gestão da pandemia na Itália.

Francesco Zambon, que trabalha para o escritório de investimento em saúde e desenvolvimento da OMS desde 2008, acusou um alto funcionário italiano da organização, que corria o risco de ser ridicularizado em um relatório por seu trabalho, de ter pedido para escondê-lo, o que ele recusou, em um caso que gerou polêmica.

Tanto a OMS quanto o funcionário em questão negam tais alegações.

Para Zambon, de 47 anos, o caso é uma amostra dos vários conflitos de interesse que podem afetar negativamente o prestígio da organização com sede em Genebra.

"Estamos nos preparando para a missão na China, portanto, devemos garantir que a OMS esteja isenta de qualquer influência externa, caso contrário sua independência está ameaçada", disse Zambon em entrevista por telefone à AFP.

Os especialistas da OMS que investigam as origens do coronavírus e da covid-19 não obtiveram os vistos necessários para entrar na China.

As relações entre a OMS e Pequim têm sido objeto de muitos comentários desde o início da pandemia.

A agência da ONU foi criticada por sua suposta complacência com o regime comunista chinês, que nega ser responsável pela disseminação do vírus que já matou cerca de 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo, 77.000 apenas na Itália.

"Acredito que o mundo precisa de uma OMS livre de conflitos de interesses, não só com as entidades com as quais trabalha [...] Mas também com o seu próprio pessoal", destacou Francesco Zambon.

O oficial ficou encarregado de coordenar o relatório de 102 páginas que analisa a resposta da Itália ao coronavírus após ser o primeiro país da Europa afetado.

O documento deveria servir de guia para outros países comprometidos com o combate aos primeiros surtos de coronavírus.

No entanto, foi retido um dia após a sua publicação, em 13 de maio, uma decisão que foi tomada para evitar que o italiano Ranieri Guerra, um alto funcionário da OMS, fosse retratado negativamente, segundo Zambon.

Antes de ingressar na OMS, Guerra foi um dos autores dos programas de prevenção e controle de epidemias na Itália.

Diretor-geral do departamento de saúde preventiva do Ministério da Saúde italiano entre 2014 e 2017, Guerra é atualmente vice-diretor-geral da OMS, responsável pelo grupo de iniciativas especiais.

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