O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, está arriscando seu futuro no Senado na terça-feira (19), onde deve obter um voto de confiança para poder continuar governando em meio à pandemia
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, está arriscando seu futuro no Senado na terça-feira (19), onde deve obter um voto de confiança para poder continuar governando em meio à pandemia.
Conte ganhou a confiança da Câmara dos Deputados ontem graças ao apoio dos dois maiores partidos da coalizão, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) e o Movimento 5 Estrelas (M5E, anti-sistema).
No entanto, o resultado da votação no Senado e suas consequências são totalmente incertos, enquanto a crise do governo deixou o país em desordem.
Conte perdeu o apoio dos 18 senadores do Itália Viva, formação do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, a quem chamou de "irresponsável" nesta terça-feira por ter desencadeado a crise em um momento tão delicado para o país, com mais de 82 mil mortes por causa da pandemia.
"Temos que construir novos laços políticos com as forças parlamentares que têm apoiado lealmente o governo e com aqueles que realmente se preocupam com o destino do país. Estou à disposição para isso", garantiu em seu discurso aos senadores.
De acordo com as contas, faltam a Conte 15 votos para alcançar a maioria absoluta de 161 senadores.
O chamado "advogado do povo", um desconhecido professor de direito sem experiência política, que ganhou muita popularidade com a gestão da pandemia, tenta ganhar o apoio dos setores mais centristas e independentes para compensar a perda do Itália Viva.
"Serve a um governo forte. Você está se agarrando ao poder", lançou Renzi, que acusou o primeiro-ministro de não ter um plano confiável diante das grandes decisões que o Executivo deve tomar.
"É difícil governar com quem planta minas", respondeu Conte, ilustrando sucessivamente os numerosos projetos lançados e os desafios aos quais o governo deve responder.
"É muito provável que Conte ganhe confiança também no Senado. O que não se sabe é com quantos votos, já que provavelmente não vai conseguir a maioria absoluta de 161 votos. Mas isso não é essencial para a sobrevivência de um governo", explicou Giovanni Orsina, cientista político da Universidade Luiss de Roma.
"Nesse caso será um governo muito frágil", alertou.
Este cenário complica a liderança de Conte em uma Itália que deve enfrentar uma série de desafios importantes, desde presidir o G20 este ano até determinar nos próximos meses o destino dos mais de 209 bilhões de euros que receberá da União Europeia pelo gigante plano de reconstrução do país após a pandemia.
Os aliados de Conte passaram os últimos dias negociando e contatando senadores independentes e traidores de outros partidos dispostos a apoiá-lo.
Na segunda-feira, na Câmara dos Deputados, ele obteve o apoio de um deputado da Força Itália, partido do centro de Silvio Berlusconi, que decidiu votar a favor do governo diante da emergência econômica, social e sanitária do país.
Uma questão que deve mobilizar grande parte do Parlamento, incluindo a senadora vitalícia Liliana Segre, de 90 anos e sobrevivente do Holocausto, aplaudida depois de entrar na sede do Senado, apesar de os médicos a terem aconselhado a não comparecer.