INTERNACIONAL

O mal-estar dos trabalhadores na fronteira México-EUA na véspera das eleições

Desde que Donald Trump se tornou presidente, eles se sentem mais discriminados, mas não confiam em Joe Biden

AFP
26/10/2020 às 12:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 09:18

Desde que Donald Trump se tornou presidente, eles se sentem mais discriminados, mas não confiam em Joe Biden. Leslie e Adrián - que diariamente dividem suas vidas entre México e Estados Unidos - estão preocupados com as eleições americanas.

Com dupla cidadania, eles moram na fronteira de Tijuana e trabalham em sua cidade natal, San Diego. Sem se conhecerem, estão desiludidos com a polarização política e com o que Adrián descreve como um sistema "rachado pelo racismo".

Eles fazem parte dos 37,4 milhões de mexicanos-americanos, dos quais um terço votou em 2016, quando Trump foi eleito.

Amam suas raízes tanto quanto o estilo de vida americano e, embora prefiram fazer compras em San Diego, onde trabalham, os tacos têm um gosto melhor em casa.

A oito dias das eleições, Leslie Cortez, 32, quer votar em alguém que entenda "do que o povo precisa". Adrián Romero, um designer gráfico de 24 anos, vai-se abster em protesto.

Todas as manhãs, Leslie assume a rotina de muitas mexicanas nessa pandemia depois que seu marido sai para trabalhar.

Ela prepara seu filho Andrée, de cinco anos, para as aulas on-line e alimenta Pía, de seis meses. Sua casa, um presente dos sogros, representa uma economia de aluguel que, em San Diego, 30 quilômetros ao norte, é de cerca de 1.000 dólares por mês.

"Como vou pagar (aluguel) se tenho casa própria? Prefiro cruzar (a fronteira)", diz.

E é isso que muitos fazem: ganham dólares em San Diego para viver com pesos em Tijuana.

As remessas para o México devem ultrapassar os US$ 36,43 bilhões de 2019 este ano, mitigando o declínio econômico causado pelo coronavírus. A isso se soma uma troca comercial de US$ 576 bilhões anuais.

Bem maquiada, chega a San Ysidro, a passagem de fronteira mais movimentada do mundo, por onde passa com sua outra identidade: a gerente de joias americana.

Seu recente negócio de treinamento físico a aproxima de Trump, o "empresário" republicano em quem não votou, mas que, segundo ela, devolveu "muitos empregos" aos Estados Unidos.

Embora ela condene seu discurso discriminatório, que muitas pessoas "levaram a sério" ao "encorajá-los a serem racistas" com ela, o democrata Biden não a convence.

"Ele é político há mais de 40 anos e não fez tudo que podia pelos latinos", critica.

Indecisa, ela vê "muita gente mal informada" sobre a eleição.

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