INTERNACIONAL

O duro combate judicial das famílias afetadas pela covid-19 contra o Estado chinês

As autoridades da China celebram a contenção da pandemia de covid-19 no país, mas, quando as famílias de vítimas do coronavírus decidem reclamar na Justiça, elas sofrem tentativas de silenciamento

AFP
21/09/2020 às 18:17.
Atualizado em 25/03/2022 às 00:12

As autoridades da China celebram a contenção da pandemia de covid-19 no país, mas, quando as famílias de vítimas do coronavírus decidem reclamar na Justiça, elas sofrem tentativas de silenciamento.

Zhong Hanneng viveu o pior pesadelo para uma mãe quando a doença matou seu filho em fevereiro na cidade de Wuhan, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez.

A aposentada de 67 anos deseja levar as autoridades locais à Justiça, as quais acusa de demora na resposta após os primeiros indícios de contágios.

O caminho para alcançar sua meta está, no entanto, repleto de obstáculos. As denúncias de Zhong e de outros familiares de vítimas foram rejeitadas, e dezenas de pessoas sofrem intimidações para não apresentarem qualquer recurso.

Os advogados que pretendem defender as famílias recebem ameaças de represálias.

E do que as famílias acusam as autoridades? Elas afirmam que o governo dissimulou o início da epidemia.

A covid-19 matou quase 3.900 pessoas em Wuhan e provocou mais de 900.000 vítimas fatais em todo mundo.

"Dizem que a epidemia foi uma catástrofe natural. Mas as consequências graves foram provocadas pelo homem, e as responsabilidades devem ser determinadas", afirma Zhong Hanneng.

"Hoje, minha família está quebrada. Nunca mais poderei ser feliz", desabafa.

Ao menos cinco ações foram apresentadas no Tribunal Intermediário de Wuhan, de acordo com Zhang Hai, que perdeu o pai para a covid-19 e que coordena o grupo de famílias das vítimas.

Os demandantes pedem dois milhões de iuanes (295.000 dólares) cada e exigem desculpas públicas.

O tribunal rejeitou as ações, porém, por razões obscuras de procedimento, denuncia Yang Zhanqing, um ativista chinês para os direitos das vítimas. Morador dos Estados Unidos, ele coordena 20 advogados que aconselham as famílias secretamente.

O tribunal de Wuhan se negou a responder as perguntas da AFP.

O coronavírus foi detectado em dezembro. As autoridades não divulgaram as informações rapidamente e os médicos que começaram a alertar sobre a situação foram reprimidos pela polícia.

O Partido Comunista minimiza sua responsabilidade e insiste em que a origem chinesa do vírus ainda não está comprovada cientificamente. Ao mesmo tempo, não para de alardear a vitória contra a pandemia no país.

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