INTERNACIONAL

O desconhecido e trágico destino dos refugiados alemães na Dinamarca

Setenta e cinco anos após o final da Segunda Guerra Mundial, Jörg Baden se lembra do arame farpado do campo de refugiados alemães na Dinamarca e dos túneis que ele cavava para sair para colher flores

AFP
14/07/2020 às 09:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 23:08

Setenta e cinco anos após o final da Segunda Guerra Mundial, Jörg Baden se lembra do arame farpado do campo de refugiados alemães na Dinamarca e dos túneis que ele cavava para sair para colher flores.

Dos cinco aos oito anos, esse aposentado alemão foi um refugiado na Dinamarca, junto com cerca de 250.000 compatriotas que fugiram do avanço do Exército Vermelho.

No país escandinavo tiveram destinos diferentes, mas frequentemente trágicos.

A partir de fevereiro de 1945, a Dinamarca, então ocupada pelos nazistas, foi forçada a acolher essas pessoas deslocadas, principalmente mulheres, crianças e idosos da Prússia Oriental, e soldados feridos evacuados da Frente Oriental.

Berlim designou o reino, que foi poupado dos combates e que faz fronteira com a Alemanha no sul, para receber os exilados.

Eles costumavam chegar de navios, muitos deles torpedeados no mar pelos Aliados.

Acabavam em diferentes abrigos no país. Em Copenhague, 64 das 71 escolas da cidade os receberam.

Em maio, "depois que os britânicos libertaram a Dinamarca, a resistência dinamarquesa percebeu que cerca de 250.000 refugiados alemães estavam no país", o que equivalia a 5% da população do reino, lembra à AFP John Jensen, historiador do museu de Varde (oeste).

Temendo o estabelecimento de uma grande minoria alemã, a Dinamarca decidiu internar os refugiados em campos de arame farpado, reciclando os antigos campos militares nazistas.

Exaustos da jornada e propensos a doenças, muitos refugiados morreram logo após a chegada, às vezes sem atenção médica.

Naquela época, o Danish Medical College recomendou não intervir.

Entre 1945 e 1949, ano em que o último refugiado saiu, 17.000 deles morreram (13.000 somente em 1945), dos quais 60% eram crianças menores de cinco anos.

Isso é mais do que o número de dinamarqueses mortos durante a ocupação, salienta Sine Vinther, historiadora da Universidade de Roskilde.

"A ideia predominante era que ajudar um refugiado era indiretamente equivalente a ajudar a máquina de guerra alemã", disse à AFP no cemitério Vestre Kirkegaard em Copenhague, onde estão quase 5.000 túmulos de refugiados alemães.

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