INTERNACIONAL

O calvário de uma mãe pela morte da filha de 16 anos por coronavírus

Tudo começou com uma tosse aparentemente comum, conta a mãe de Julie A., quem morreu após contrair o novo coronavírus em Paris

AFP
27/03/2020 às 07:39.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:28

Tudo começou com uma tosse aparentemente comum, conta a mãe de Julie A., quem morreu após contrair o novo coronavírus em Paris. Ela tinha 16 anos.

"É insuportável", afirma Sabine, a mãe da adolescente. Ela fala a toda velocidade sobre a "comoção de perder a filha, o sentido da vida" e a obrigação de "continuar".

"Ela tinha apenas uma tosse", explica Sabine por telefone à AFP de sua casa no subúrbio de Paris. Uma tosse que parecia comum, iniciada há uma semana e que ela tentou curar com xarope, plantas e nebulização.

No sábado, Julie, sem problemas de saúde, começou a sentir falta de ar. "Não muito, ela tinha dificuldades para recuperar o fôlego", recorda a mãe. Depois vieram os ataques de tosse. Na segunda-feira, ela levou a filha ao médico.

No consultório, o médico da família observou uma deficiência respiratória "aceitável". Ele decidiu ligar para o serviço de emergência, mas os bombeiros foram enviados ao local.

Trajes de proteção, máscaras, luvas, "parecia a quarta dimensão", recorda a mãe. Eles levaram a adolescente, com uma máscara de papel debaixo da máscara de oxigênio, ao hospital mais próximo, em Longjumeau, na área metropolitana de Paris.

Sabine voltou para casa. Quando ligou para o hospital um pouco mais tarde, foi informada sobre um exame de tomografia, sobre opacidades pulmonares, "nada grave".

Um exame de COVID-19 estava sendo realizado.

Mas durante a noite, Julie foi transferida, com insuficiência respiratória, para o hospital pediátrico Necker de Paris. Ela passou por mais dois testes de COVID-19.

Julie foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva na terça-feira. Como tem 16 anos, ainda é atendida na pediatria".

Ao visitar a filha durante a tarde, Sabine a encontra ansiosa. Ela falava pouco, se cansava rapidamente. "Meu coração dós", disse.

Os resultados dos dois últimos exames de COVID-19 representaram boas notícias: negativos.

"Abrimos a porta do quarto, as enfermeiras já não usavam o traje, o médico levanta o polegar para dizer que é um bom sinal". Julie parecia fora de perigo.

Durante a tarde, Sabine retorna para casa e promete retornar no dia seguinte.

No início da noite, ela recebe uma ligação: o resultado do primeiro exame feito no hospital de Longjumeau acabara de chegar. Julie deu positivo para COVID-19 e seu estado é cada vez mais grave. Ela precisa ser entubada.

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