INTERNACIONAL

Novos pedidos para o fim da violência na Irlanda do Norte

O governo britânico reiterou seu pedido de calma nesta sexta-feira (9), após a 10ª noite de confrontos violentos na Irlanda do Norte, onde grupos sindicalisas pediram a interrupção dos protestos após a morte em Londres do príncipe Philip

AFP
09/04/2021 às 15:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 00:43

O governo britânico reiterou seu pedido de calma nesta sexta-feira (9), após a 10ª noite de confrontos violentos na Irlanda do Norte, onde grupos sindicalisas pediram a interrupção dos protestos após a morte em Londres do príncipe Philip.

Desde que, em 30 de março, um grupo de jovens lançou coquetéis molotov contra uma viatura policial em Londonderry, os atos violentos não param de aumentar, especialmente nas zonas unionistas desta província britânica, onde os efeitos da saída da União Europeia provocaram um sentimento de traição e amargura.

Os incidentes reavivaram o fantasma de três décadas de violento conflito entre republicanos católicos e unionistas protestantes, que deixaram quase 3.500 mortos até a assinatura do acordo de paz da Sexta-Feira Santa de 1998.

Apesar dos pedidos de Londres, Dublin e Washington pelo fim da violência, a capital norte-irlandesa, Belfast, voltou a ser cenário de confrontos na quinta-feira à noite.

Em um distrito da zona oeste, a polícia foi alvo de coquetéis molotov e de pedras, quando tentava impedir que centenas de manifestantes republicanos se aproximassem dos unionistas. As forças de segurança usaram jatos d"água para dispersar a multidão.

Mais de 70 policiais ficaram feridos desde o início destes distúrbios sem precedentes em vários anos na região.

No entanto, a inesperada morte nesta sexta-feira do príncipe Philip, esposo de 99 anos da rainha Elizabeth II, poderia gerar uma paz temporária para a região.

Após o anúncio de sua morte, surgiram cartazes em Belfast que, em nome de grupos sindicais protestantes, pediam que "os protestos sejam adiados para depois do período de luto" nacional como "demonstração de respeito à rainha e à família real".

"A violência não tem nada a ver com a resolução dos problemas", insistiu o ministro dos Transportes, Grant Shapps, que classificou a situação como "muito preocupante".

"Temos que garantir que as pessoas conversem para resolver seus problemas, não por meio da violência", completou.

A irmã de Lyra McKee, uma jornalista morta por tiros de republicanos dissidentes em confrontos em Londonderry em 2019, fez um apelo aos políticos norte-irlandeses para que "retomem o diálogo com aqueles que dizem estar tão descontentes que optam pela violência", alegando que alguns foram "ignorados", enquanto outros "acenderam o fogo".

"Precisamos de uma liderança boa e verdadeira antes que alguém seja morto", suplicou Nichola McKee Corner em uma entrevista ao canal RTE.

Na quinta-feira (8), os primeiros-ministros britânico, Boris Johnson, e irlandês, Micheál Martin, uniram-se aos líderes norte-irlandeses, tanto unionistas quanto republicanos, para condenar a violência "injustificável".

A Casa Branca também pediu calma e alegou preocupação. O presidente Joe Biden, orgulhoso de suas origens irlandesas, já havia expressado preocupação com as consequências do Brexit para a paz na região.

Desde o acordo de 1998, existe uma "paz superficial", afirmou à AFP Fiona McMahon, uma moradora de Belfast de 56 anos. Mas o conflito "está muito arraigado, não é apenas pelo Brexit", completa.

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