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Novo primeiro-ministro do Líbano promete reformas e acordo com FMI

As autoridades políticas libanesas designaram, nesta segunda-feira (31), um novo primeiro-ministro, o embaixador na Alemanha Mustapha Adib, sob pressão do presidente francês Emmanuel Macron, que é esperado esta noite em Beirute

AFP
31/08/2020 às 16:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 11:38

As autoridades políticas libanesas designaram, nesta segunda-feira (31), um novo primeiro-ministro, o embaixador na Alemanha Mustapha Adib, sob pressão do presidente francês Emmanuel Macron, que é esperado esta noite em Beirute.

Adib, um acadêmico de 48 anos relativamente desconhecido, foi nomeado pela maioria dos parlamentares após consultas realizadas no palácio presidencial.

Imediatamente após sua nomeação, o novo primeiro-ministro se dirigiu para um dos bairros devastados pela explosão no porto de Beirute em 4 de agosto, onde declarou que deseja "a confiança" da população.

"Agora é hora de agir", afirmou o novo primeiro-ministro, prometendo formar rapidamente uma equipe de especialistas e pessoas competentes para "conduzir reformas imediatamente".

"A tarefa que aceitei baseia-se no fato de que todas as forças políticas (...) estão cientes da necessidade de formar um governo em tempo recorde e de começar a implementar reformas, a partir de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)", expressou Adib em um discurso televisionado.

Em um comunicado, o FMI comemorou com moderação sua nomeação, e reiterou seu desejo de que as autoridades libanesas respondam à pandemia no país.

Por sua vez, o Banco Mundial (BM) destacou que a explosão causou prejuízos e destruição estimados em US$ 6,7 bilhões e US$ 8,1 bilhões. O país precisava urgentemente de US$ 605 milhões a US$ 760 milhões para sair da situação, acrescentou a instituição.

Mustapha Adib, um professor universitário relativamente desconhecido pela opinião pública, foi escolhido no domingo à noite pelos pesos-pesados da comunidade sunita, da qual o chefe de governo deve vir.

A presidência está reservada para um cristão maronita e a presidência do parlamento para um muçulmano xiita.

O presidente do país, Michel Aoun, reconheceu na véspera em um discurso em ocasião do centenário do Líbano, comemorado na terça-feira, que é necessário mudar o sistema político, e pediu um "Estado laico".

No mesmo dia, o poderoso chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse estar disposto a negociar um novo "pacto político" no Líbano, onde comunidades religiosas compartilham o poder.

Da mesma forma, Nabih Berri, presidente do Parlamento e chefe do movimento libanês xiita Amal, pediu nesta segunda-feira para "mudar o sistema sectário" que governa a política no Líbano, "a fonte de todos os males" segundo ele.

Mas o professor universitário, próximo do ex-primeiro-ministro e bilionário Najib Mikati, de quem era chefe de gabinete, deve ser rejeitado pelo movimento de contestação popular.

Hassan Sinno, integrante de um grupo da sociedade civil, advertiu que seu movimento rejeitaria qualquer candidato do sistema.

"Não daremos tempo, como alguns de nós erroneamente deram a Hassan Diab, para ter sucesso. Não temos mais o luxo do tempo", disse à AFP.

O ex-primeiro-ministro Hassan Diab, indicado pelos partidos governantes, renunciou em 10 de agosto após a explosão que deixou pelo menos 188 mortos e devastou bairros inteiros da capital.

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