INTERNACIONAL

No Sinai egípcio, mulheres costuram máscaras beduínas

Em Al Arish, capital do Sinai do Norte, as mulheres se reúnem para costurar máscaras com motivos beduínos, em meio à pandemia de coronavírus, e desafiam o perigo nessa região oriental do Egito, palco de uma insurreição armada

AFP
04/06/2020 às 11:16.
Atualizado em 27/03/2022 às 21:36

Em Al Arish, capital do Sinai do Norte, as mulheres se reúnem para costurar máscaras com motivos beduínos, em meio à pandemia de coronavírus, e desafiam o perigo nessa região oriental do Egito, palco de uma insurreição armada.

O Egito registrou oficialmente mais de 28.600 casos de COVID-19 e mil mortes.

Até agora relativamente a salvo do vírus, a península do Sinai é vítima de uma rebelião sangrenta nas mãos de um grupo local afiliado à organização extremista Estado Islâmico (EI).

Para Amany Gharib, fundadora da associação Al Fairouz, que emprega cerca de 550 costureiras em Al Arish, a violência não impede que a comunidade perpetue suas tradições, ou que as mulheres valorizem seu trabalho.

"As máscaras têm duas camadas: uma primeira asséptica, em contato direto com o rosto, e uma segunda bordada, por fora", explica Amany por telefone à AFP.

As telecomunicações na província do Sinai do Norte, uma região muito isolada e militarizada, costumam ser instáveis, e os jornalistas não têm acesso à área.

Fabricadas em dois dias, as máscaras são desinfetadas, embaladas e transportadas para o Cairo, onde são vendidas on-line por 40 libras (2,5 dólares) cada uma no Jumia, o maior portal de comércio eletrônico do continente africano, continua Gharib.

"Aprendi a bordar quando jovem, vendo minha mãe", diz Naglaa Mohamed, de 36 anos.

Em um contexto de forte instabilidade, essa mulher ganha o suficiente para viver, graças ao bordado.

"Temos uma comissão de acordo com as encomendas que recebemos (...) Com as máscaras, enfrentamos um novo desafio", diz.

Com a pandemia, os problemas econômicos pioraram no Sinai, já em uma situação muito precária.

"Os tempos são difíceis para as mulheres, mas nos adaptamos", comenta Gharib.

Acostumada a costurar pérolas e joias em vestidos, Naglaa Mohamed borda motivos tradicionais beduínos desde o início da crise da saúde.

Onipresentes na região, esses motivos geométricos e coloridos adornam todos os tipos de objetos. Essa tradição artesanal continuou, apesar dos problemas de segurança que atingem a área há anos.

Antigamente nômades, os beduínos são uma população composta por tribos - hoje sedentárias -, vivendo em diferentes regiões do mundo árabe.

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