Israel "deve negociar" a paz com os palestinos, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "não tem nenhuma intenção" de fazê-lo, afirmou o líder da oposição israelense, Yair Lapid, em uma entrevista à AFP, na qual acusou o governo de ter "fracassado completamente" na estratégia para conter a pandemia de covid-19
Israel "deve negociar" a paz com os palestinos, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "não tem nenhuma intenção" de fazê-lo, afirmou o líder da oposição israelense, Yair Lapid, em uma entrevista à AFP, na qual acusou o governo de ter "fracassado completamente" na estratégia para conter a pandemia de covid-19.
Assim como o conjunto da classe política israelense, Lapid celebra a normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e Bahrein, que será assinado nesta terça-feira em Washington, mas considera que o Estado hebreu deve iniciar simultaneamente conversações de paz com os palestinos.
"O governo afirma que conseguimos acordos com países sunitas moderados sem pagar o preço de ter que negociar com os palestinos. O que digo é que não se trata de um preço a pagar. É do interesse de Israel negociar com os palestinos", declarou na segunda-feira à AFP em seu gabinete do Parlamento de Jerusalém.
"Mas os palestinos também devem compreender que não podem mais esperar sentados que o mundo árabe e a comunidade internacional façam o trabalho em seu lugar (...) Devem ser proativos e parar de atuar como eternas vítimas", disse.
"Os palestinos não conseguirão 100% do que desejam, o direito ao retorno (dos refugiados) e as fronteiras de 1967, isto não funcionará, mas precisam voltar à mesa de negociações e nós também", completou o líder centrista do partido Yesh Atid Telem.
"Devemos avançar e discutir com os palestinos com base na solução de dois Estados (...) Mas este governo não tem a intenção de negociar com os palestinos porque para Netanyahu é um perigo político. E com seus problemas jurídicos (é julgado por corrupção) precisa da base eleitoral e esta se opõe a qualquer acordo com os palestinos".
Depois das eleições de março, o ministro da Defesa Benny Gantz e o chefe da diplomacia Gabi Ashkenazi abandonaram a ala política de Yair Lapid para aderir a Netanyahu, com a formação de um governo de união.
"Cometeram um erro e agora sabem", disse.
O governo de união de Netanyahu, com 36 ministros, é um "monstro burocrático" que não conseguiu administrar a crise do coronavírus, insiste Lapid em seu gabinete, decorado com fotos dele ao lado de Emmanuel Macron, Boris Johnson, Angela Merkel, Joe Biden e do republicano John McCain. Mas não de Donald Trump.
Israel, elogiado pela gestão de saúde no início da pandemia, enfrenta atualmente um aumento das infecções e se tornou o segundo país do mundo com o maior número de casos por habitante, atrás apenas do Bahrein.
O aumento vertiginoso de casos legou o governo a anunciar o retorno do confinamento geral por três semanas, uma medida criticada por muitos israelenses.
Nas últimas semanas, dezenas de milhares de israelenses foram às ruas para pedir a saída do primeiro-ministro devido a seu processo por corrupção, mas também pela gestão da economia e da pandemia.
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