INTERNACIONAL

Navalny contra-ataca com investigação sobre o 'palácio de Putin'

O opositor Alexei Navalny, preso desde o seu retorno para a Rússia, contra-atacou nesta terça-feira (19) com a divulgação de uma investigação sobre o presidente russo, Vladimir Putin, que se beneficiaria de um verdadeiro "palácio" às margens do Mar Negro

AFP
19/01/2021 às 15:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:59

O opositor Alexei Navalny, preso desde o seu retorno para a Rússia, contra-atacou nesta terça-feira (19) com a divulgação de uma investigação sobre o presidente russo, Vladimir Putin, que se beneficiaria de um verdadeiro "palácio" às margens do Mar Negro.

A investigação, que conta com um vídeo de cerca de duas horas com quase 500.000 reproduções, é acompanhada por um pedido aos russos para se manifestar no sábado contra o poder. Navalny havia pedido no dia anterior para que os russos fossem às ruas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou rapidamente essas acusações, afirmando à agência Ria Novosti que "não é verdade", embora tenha admitido que ainda não conhece os detalhes dessa investigação.

Navalny, que gravou o vídeo antes de voltar para a Rússia, afirma que Putin desfrutaria de uma grande propriedade e um imenso palácio perto da cidade russa de Gelendzhik, às margens do Mar Negro.

Este luxoso complexo incluiria vinhedos, um estádio de hóquei sobre o gelo e um cassino. Segundo o opositor, pessoas próximas ao presidente russo, como o chefe da gigante petrolífera Rosneft, Igor Sechin, e o empresário Guennadi Timshenko, o financiaram.

"É um Estado dentro da Rússia. E, neste Estado, só existe um czar imóvel: Putin", estima o opositor, acusando o presidente russo de "estar obcecado com a riqueza e o luxo".

O complexo de 7.000 hectares, o equivalente a "39 vezes o tamanho de Mônaco", custou 100 bilhões de rublos (1,119 bilhão de euros, 1,357 bilhão de dólares), segundo o opositor. Oficialmente, pertence aos Serviços Secretos Russos (FSB).

O comitê de investigação russo abriu o processo de difamação contra Navalny em julho, acusado de ter divulgado "informações mentirosas e injúrias à honra e à dignidade" de um veterano da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A pessoa envolvida havia manifestado na televisão seu apoio ao referendo constitucional do verão passado para reforçar os poderes de Vladimir Putin.

A investigação do caso foi suspensa durante a hospitalização do oponente na Alemanha, após seu suposto envenenamento em agosto. Navalny acusa o Kremlin pelo ocorrido, e as autoridades russas negam qualquer envolvimento.

Navalny foi preso no domingo, ao voltar para a Rússia procedente de Berlim. Ficará preso pelo menos até 15 de fevereiro, no âmbito de um procedimento por violação de um controle judicial. Está detido em Moscou, em quarentena, devido à pandemia da covid-19.

A depender da gravidade dos fatos, a difamação pode ser punida com multa de até 5 milhões de rublos (US$ 57 mil) e cinco anos de prisão. Também pode ser alvo de penas mais leves, como trabalho de interesse geral.

O serviço penitenciário russo havia alertado que Navalny seria preso em seu retorno, por ter violado o controle judicial que lhe foi imposto como parte de uma pena de cinco anos de prisão sob sursis por peculato. O opositor de Putin insiste na "motivação política" deste caso.

Desde o final de dezembro, ele é alvo de uma nova investigação de fraude por suspeita de ter gastado 356 milhões de rublos (US$ 4,8 milhões) em doações para seu uso pessoal.

O Kremlin anunciou, nesta terça-feira (19), que "não levará em conta" os pedidos do Ocidente para libertar Navalny e disse que a convocação, por parte deste último, de protestos em massa é "ilegal".

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