INTERNACIONAL

Nagorno-Karabakh: frágil cessar-fogo após bombardeios noturnos

As forças separatistas armênias de Nagorno-Karabakh e o Exército do Azerbaijão se acusaram, neste domingo (11), de bombardeios noturnos em zonas civis, causando vítimas, testemunho de uma trégua humanitária difícil de aplicar

AFP
11/10/2020 às 09:04.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:51

As forças separatistas armênias de Nagorno-Karabakh e o Exército do Azerbaijão se acusaram, neste domingo (11), de bombardeios noturnos em zonas civis, causando vítimas, testemunho de uma trégua humanitária difícil de aplicar.

O presidente da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, Araïk Haroutiounian, considerou, porém, que a situação estava "mais calma", observando a ausência de bombardeios esta manhã, mas notando "algumas trocas de tiros e de morteiros na linha de frente".

O Azerbaijão, por sua vez, anunciou que nove civis foram mortos em ataques noturnos na segunda cidade do país, Gandja, a cerca de 60 quilômetros do front, e alvejada várias vezes durante a semana.

O gabinete do procurador-geral disse que um prédio de apartamentos foi atingido, denunciando um "ataque deliberado à população civil".

No local, equipes de resgate vasculhavam pela manhã os escombros de um prédio, constataram jornalistas da AFP, que viram dois corpos sendo retirados.

No total, nove apartamentos foram destruídos, segundo testemunhas, por um ataque às 2h00 (19h00 de sábado no horário de Brasília).

Neste contexto, o papa Francisco lamentou "uma trégua frágil demais".

"Aprecio que a Armênia e o Azerbaijão tenham concordado em um cessar-fogo por motivos humanitários, com o objetivo de chegar a um acordo de paz substancial, embora a trégua seja muito frágil", disse ao final da oração do Angelus.

"Encorajo-vos a retomar [a trégua] e expresso a minha participação na dor pela perda de vidas humanas, pelo sofrimento sofrido e pela destruição de casas e locais de culto", acrescentou o pontífice.

"Uma pedra caiu no meu rosto, abri os olhos e outra pedra caiu. Não conseguia ver nada, tudo era uma nuvem de poeira", contou uma moradora de Gandja, Akifa Baïramova, de 64 anos.

Hikmet Hajiyev, conselheiro do presidente do Azerbaijão Ilham Aliev, denunciou "um ato de genocídio" e advertiu que "se isso continuar, seremos forçados a tomar medidas recíprocas".

O ministério da Defesa dos separatistas de Nagorno-Karabakh negou ter bombardeado Gandja: "É uma mentira absoluta".

O presidente dos separatistas, Araïk Harutiunian, garantiu que suas tropas respeitam o "acordo de cessar-fogo" humanitário negociado em Moscou e que entrou em vigor no sábado às 12h00 (5h00 de Brasília).

Constatando uma situação mais tranquila neste domingo, ele, no entanto, considerou incerto o respeito da trégua, que também prevê a troca de corpos e prisioneiros.

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