INTERNACIONAL

Na luta contra coronavírus, África pede ajuda a seus milionários

Sob um sol inclemente, trabalhadores ajustam as partes finais do centro de isolamento que está sendo construído para receber doentes da COVID-19 em Kano, a grande cidade do norte da Nigéria

AFP
17/04/2020 às 08:52.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:54

Sob um sol inclemente, trabalhadores ajustam as partes finais do centro de isolamento que está sendo construído para receber doentes da COVID-19 em Kano, a grande cidade do norte da Nigéria.

Por trás desta iniciativa, está o homem mais rico da África, Aliko Dangote, com uma fortuna estimada em mais de 15 bilhões de dólares. São duas enormes barracas brancas com cerca de 250 leitos, erguidas no estádio de futebol da cidade onde nasceu este rei do cimento.

Neste país de cerca de 200 milhões de habitantes, as décadas de má gestão deixaram um sistema de saúde extremamente precarizado. Com isso, para a luta contra o coronavírus, o governo pede ajuda ao setor privado, como ocorre com frequência.

Criada no final de fevereiro, a coalizão do setor privado contra a COVID-19 (Cacovid), liderada por Dangote e pelo grupo bancário nigeriano Access Bank, reúne cerca de 50 empresas que prometeram quase 22 bilhões de nairas (57 milhões de dólares) para o país.

"Se cada um fizer coisas sozinho, gera uma cacofonia. Então, dependendo de seu tamanho, cada um dá o que pode e juntamos nossos recursos", explica à AFP a diretora-geral da Fundação Dangote, Zouera Youssoufou.

O setor privado construirá sete centros de isolamento nas grandes cidades (Kano, Lagos, Abuja, Maiduguri, Port-Harcourt, entre outras) e tentará aumentar a capacidade de diagnóstico da Nigéria. Desde o início da pandemia, foram realizados apenas 5.000 testes no país.

A África parece menos afetada do que o restante do mundo, com cerca de 900 mortos dos 16.200 casos de contágio registrados oficialmente, conforme balanço feito pela AFP.

Os especialistas consideram, porém, que é possível que o alcance da pandemia esteja subnotificado - principalmente, pela falta de testes disponíveis. Por isso, esta mobilização do setor privado se acelera.

Na África do Sul, o magnata da mineração Patrice Motsepe (African Rainbow Minerals) e as famílias Rupert (fundo de investimentos Remgro Limited) e Oppenheimer (dos diamantes De Beers) se comprometeram a doar em torno de 1 bilhão de rands (53,3 milhões de dólares) cada.

Em nível continental, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou, na semana passada, a criação de um fundo de 10 bilhões de dólares para apoiar a economia africana.

E, em 7 de abril, a União Africana (UA) lançou um fundo especial contra a COVID-19. Seus Estados-membros aceitaram contribuir com até 17 milhões de dólares.

"Agora temos (...) que mobilizar todos os recursos para conter esta pandemia e impedir o colapso das economias e dos sistemas financeiros que já atravessam dificuldades", declarou no último domingo o presidente em exercício da UA, o sul-africano Cyril Ramaphosa.

Resta convencer as instituições regionais e internacionais, mas também os bilionários africanos para que participem deste esforço. O objetivo do fundo especial é arrecadar cerca de 400 milhões de dólares para financiar, em um primeiro momento, a resposta sanitária e, depois, as economias.

Na entrevista com a AFP, o empresário e filantropo nigeriano Tony Elumelu, presidente do banco UBA, presente em 20 países, pediu um "Plano Marshall" para a África, depois de ter anunciado uma doação de 14 milhões de dólares para a Nigéria e o restante do continente.

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