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Multilateralismo econômico, enfraquecido após era Trump

Ao final dos quatro anos da presidência de Donald Trump, o déficit comercial dos Estados Unidos ainda não foi coberto, mas o multilateralismo econômico que o país tanto defendia enfraqueceu muito e por muito tempo, segundo especialistas

AFP
19/10/2020 às 12:49.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:38

Ao final dos quatro anos da presidência de Donald Trump, o déficit comercial dos Estados Unidos ainda não foi coberto, mas o multilateralismo econômico que o país tanto defendia enfraqueceu muito e por muito tempo, segundo especialistas.

"A política comercial de Donald Trump trouxe poucos benefícios tangíveis para a economia dos Estados Unidos, enquanto minou o sistema de comércio multilateral, desestabilizando alianças com parceiros comerciais dos EUA e criando um clima de incerteza sem precedentes", explicou Eswar Prasad, professor da Cornell University.

O crônico déficit comercial dos Estados Unidos, que Donald Trump havia prometido reduzir, aumentou sob sua presidência, porque, embora o que tem com a China - seu alvo privilegiado - tenha sido reduzido, as importações do México ou do Canadá dispararam.

O aumento das tarifas "protegeu os produtores americanos", de acordo com Gianluca Orefice, professor da Universidade Paris-Dauphine. Mas também "aumentaram os custos de produção" do setor, destacando a dependência dos Estados Unidos dos fornecedores chineses.

Embora Donald Trump não tenha alterado a estrutura da economia dos Estados Unidos, ele interrompeu a diplomacia econômica internacional de maneira duradoura.

"Sua política foi muito prejudicial para a Europa, para a Organização Mundial do Comércio, algo que será difícil de consertar", disse Edward Alden, especialista do Conselho de Relações Exteriores.

"Donald Trump mostrou que era capaz de romper, mas incapaz de construir", afirmou Sébastien Jean, diretor do Centro de Estudos Prospectivos e Informação Internacional (CEPII). "Quando alguém vê o que conseguiu da China, dá vontade de se perguntar: "E tudo aquilo para isso?"".

A trégua acertada em janeiro na guerra comercial entre as duas potências deixa sem solução os principais pontos de controvérsia, em torno da propriedade intelectual e das transferências forçadas de tecnologia.

Com base em "declarações erráticas" e "decisões unilaterais", os Estados Unidos agora parecem ser um "parceiro comercial não confiável", segundo Eswar Prasad.

Isso levou alguns países a contornar Washington para fechar acordos comerciais bilaterais e regionais.

Por exemplo, na zona da Ásia-Pacífico, onde a China está tentando conquistar vários países em torno de um amplo acordo de livre comércio, depois que os Estados Unidos se retiraram em 2017 de um grande pacto comercial na região.

O presidente americano, como empresário que é, busca o "acordo" (acordo) ou uma relação de forças entre duas ou três partes, e não gosta muito de complicadas negociações multilaterais.

Assim, em suas relações com os europeus, Donald Trump muitas vezes ignorou a Comissão Europeia, responsável pelo comércio, preferindo criticar diretamente os automóveis alemães ou o imposto cobrado pela França contra grandes grupos de tecnologia.

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