INTERNACIONAL

Mulheres iranianas rompem o silêncio sobre agressões sexuais

Três anos após o início do movimento #Metoo, as mulheres iranianas romperam seu silêncio sobre as agressões sexuais e começaram uma campanha de sensibilização sobre os estupros no país

AFP
01/09/2020 às 10:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 11:14

Três anos após o início do movimento #Metoo, as mulheres iranianas romperam seu silêncio sobre as agressões sexuais e começaram uma campanha de sensibilização sobre os estupros no país.

Na semana passada, muitas iranianas - a maioria sem revelar a identidade - acusaram na internet um mesmo homem de tê-las drogado e estuprado quando estavam inconscientes.

A técnica deste suposto estuprador gerou uma onda de indignação nas redes sociais e incentivou outras mulheres a denunciarem as agressões sexuais durante sua juventude através do Twitter, com a hashtag #tadjavoz (#estupro em persa).

Grande parte dos depoimentos compartilhados nas redes denunciam fatos que ocorreram há mais de uma década, o que levantou críticas pela falta de apoio diante das agressões sexuais silenciadas por todos esses anos.

A sociedade, as elites iranianas e o silêncio familiar também foram responsabilizados.

Segundo Somayeh Qodoussi, repórter na revista mensal Zanan ("Mulheres" em persa), "o estupro é um assunto tabu na sociedade iraniana e é difícil falar sobre, inclusive na própria família".

Mas, "agora vemos mulheres que parecem estar preparadas para falar em público" sobre as agressões sexuais das quais foram vítimas, disse em uma entrevista telefônica à AFP.

No caso que desencadeou o movimento iraniano de denúncia das agressões sexuais nas redes sociais, pelo menos 20 mulheres acusaram um mesmo homem de ter colocado droga em suas bebidas sem que elas soubessem, a fim de estuprá-las.

Segundo a agência oficial Irna, a polícía pediu a essas mulheres que denunciassem o acusado - Keyvan Emamverdi, ex-proprietário de uma livraria no centro de Teerã, de 33 anos -, garantindo o anonimato.

A polícia também assegurou que nenhuma das vítimas seria denunciada por consumo de álcool, o que é considerado crime no Irã e pode ser punido com chicotadas.

A amplitude da polêmica surpreendeu o Irã e levou o governo a reagir.

Masumeh Ebtekar, vice-presidente encarregada pela Família, elogiou na segunda-feira as mulheres que falaram e pediu às autoridades judiciais que "persigam com força" os autores dos estupros.

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