INTERNACIONAL

Mulheres estão na linha de frente nos protestos na Tailândia

Denúncias de violência sexual e doméstica, descriminalização do aborto ou legalização da prostituição são algumas das reivindicações das mulheres que estão na linha de frente das manifestações na Tailândia

AFP
22/12/2020 às 08:41.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:56

Denúncias de violência sexual e doméstica, descriminalização do aborto ou legalização da prostituição são algumas das reivindicações das mulheres que estão na linha de frente das manifestações na Tailândia.

A AFP se reuniu com três delas. No "front" de batalha, elas lutam pela liberdade de expressão das mulheres, incomum no reino, onde, apesar de as tailandesas terem poder econômico continuam excluídas das instituições que governam o país.

"Cortamos o arame farpado. Estamos nos aproximando do Parlamento. Não vamos recuar". Chonthicha Jangrew, conhecida como "Lookkate" (uva), coordena as ações de choque dos manifestantes, e é a única habilitada a negociar com as forças da ordem.

Esta jovem de 27 anos, estudante e militante dos direitos humanos desde o golpe de 2014, foi indiciada 13 vezes em menos de cinco meses e enfrenta longos anos de prisão por "sedição".

Ela também é alvo de ultramonarquistas: "Recebo ameaças de morte, insultos de caráter sexual", mas "temos que fazer o mesmo que os homens, se queremos igualdade".

Assim como a maioria dos manifestantes, ela exige a renúncia do primeiro-ministro e a reforma da monarquia e da Constituição.

Também defende uma maior representação das mulheres em cargos de decisão no país. As mulheres não têm voz no Exército, nem na monarquia, e ocupam 14% das cadeiras do Parlamento e 10% dos cargos do Executivo.

Filha de pai militar, esta ativista cresceu em um ambiente conservador.

"Precisei me emancipar. Não escondo minhas opiniões da minha família. Eles as aceitam, mas têm medo de mim", conta.

"Cancelaram parte dos meus contratos", diz Inthira Charoenpura, ou "Sai" (areia), desde a adolescência uma estrela da televisão e do cinema na Tailândia. Desde que ela se aliou aos manifestantes, foi marginalizada em sua profissão.

"No show business, ninguém ousa falar sobre política por medo de que sua carreira seja destruída", comenta.

Seguida por 450.000 fãs nas redes sociais, a atriz de 40 anos é o único rosto conhecido que reconheceu apoiar financeiramente os protestos e corre o risco de ser indiciada pelo crime de "lesa-majestade".

Com as doações que arrecada, ela distribui alimentos, capacetes, máscaras de gás e patos infláveis, usados como escudo para se proteger da polícia.

"Os manifestantes são muito corajosos. No nosso país, os movimentos de protesto com frequência terminam em mortos", disse ela, referindo-se à repressão aos Camisas Vermelhas em 2010, com saldo de 90 vítimas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por