INTERNACIONAL

Movimento de jovens pelo clima conseguirá manter a pressão em tempos de covid?

Forçados a permanecer em casa por causa da pandemia e alarmados pelo adiamento de cruciais negociações ambientais, jovens ativistas tiveram que ser criativos para manter a pressão sobre os líderes mundiais enquanto testemunham a aceleração dos impactos de um mundo cada vez mais quente

AFP
08/12/2020 às 07:08.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:50

Forçados a permanecer em casa por causa da pandemia e alarmados pelo adiamento de cruciais negociações ambientais, jovens ativistas tiveram que ser criativos para manter a pressão sobre os líderes mundiais enquanto testemunham a aceleração dos impactos de um mundo cada vez mais quente.

Antes da chegada do novo coronavírus, protestos de rua levavam milhões de jovens às ruas de cidades em todo o mundo, inspirados pelas greves escolares da sueca Greta Thunberg e influenciados pela ansiedade sobre o estado precário do planeta.

Com a organização de manifestações fora de cogitação e a decisiva Conferência das Partes das Nações Unidas adiada para 2021, ativistas organizaram sua própria "Mock COP", um encontro virtual que reuniu em duas semanas dezenas de delegados de 140 países.

Cientistas e ativistas afirmam que o progresso nas reuniões anuais da ONU - que começaram em 1995, antes que muitos jovens ativistas tivessem nascido - já era inaceitavelmente pequeno.

"Os líderes mundiais precisam fazer mais, e devem se adaptar aos desafios", disse Malaika Collette, de 17 anos, originária de Ontário, Canadá, que participou das conversações.

"É difícil entender porque o mundo inteiro não está lutando como se sua vida dependesse disso", acrescentou.

Incêndios devastadores, degelo recorde, elevação acelerada do nível do mar, mais tempestades tropicais destrutivas e mais ondas intensas de calor carregam a indisfarçável marca do aumento global das temperaturas - que tem visto as temperaturas subirem acima de um grau Celsius desde meados do século XIX.

Este ano se encaminha para ser o mais quente já registrado, disse na semana passada o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertando que o mundo pode estar à beira de uma "catástrofe climática".

Muitos ativistas não precisam olhar para longe para perceber os riscos devastadores das mudanças climáticas.

Quando um tufão devastou sua cidade de Marikina, nas Filipinas, inundando ruas e casas, Mitzi Jonelle Tan se desesperou.

"Eu não consegui fazer contato com a minha mãe... Fiquei com tanto medo porque não sabia se ela ainda estava viva, se ela estava presa no telhado, se eu ainda tinha uma casa para onde voltar", contou Tan, de 24 anos, uma das palestrantes da "Mock COP", em entrevista à AFP.

O Acordo Climático de Paris, assinado em 2015, pede que se contenha o aquecimento global "bem abaixo" dos 2º C, uma meta que muitos especialistas temem ficar rapidamente fora do alcance.

Em um relatório contundente publicado em outubro de 2018, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), subordinado à ONU, avaliou que só uma transformação generalizada da economia global e dos hábitos de consumo poderia evitar a catástrofe climática.

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