MANIFESTAÇÃO

Motoristas de vans escolares protestam

Dezenas de condutores foram até à Prefeitura; grupo ficou acampado

Da Redação
27/10/2020 às 20:33.
Atualizado em 24/03/2022 às 09:07
Protesto é contra a falta de apoio do município à atividade (Christiano Diehl Neto/Gazeta de Piracicaba)

Protesto é contra a falta de apoio do município à atividade (Christiano Diehl Neto/Gazeta de Piracicaba)

Um grupo de motoristas do transporte escolar está acampado em frente à sede da prefeitura, à avenida Alidor Pecorari, desde ontem. Eles não pretendem sair de lá até serem recebidos pelo prefeito Barjas Negri, conforme assegurou Regiane Aparecida de Lião Reis, da Associação dos Condutores Escolares de Piracicaba. “Vamos ficar dia e noite. Estamos preparados", disse à Gazeta. Piracicaba conta com 230 condutores de vans legalizados. O grupo chegou bem terça-feira (27), por volta das 6h, para participar da manifestação. O protesto é contra a falta de apoio do município à atividade que está sem trabalhar há sete meses por causa da suspensão das aulas devido à pandemia da Covid-19. Eles queriam ser atendidos pelo Chefe do Executivo, mas foram convidados a entrar no auditório do Centro Cívico, onde estavam os secretários Jorge Akira (Trânsito e Transportes) e Evandro Evangelista (Administração). "Eles não podem nos ajudar, dissemos isso a eles e saímos. É o prefeito que tem que nos receber e nos dar soluções. Precisamos dele. Nós estamos sem chão", disse Nélia Maria Custódio da Silva, 64 anos, 18 anos no transporte escolar. Ela relatou a situação em que a categoria está vivendo, citando como exemplo um condutor de 82 anos que está sem qualquer auxílio. "Ele e a esposa dependem do transporte escolar. Temos condutores nervosos, enfartando por não verem futuro em nossa categoria. A responsabilidade do prefeito é enorme", afirmou. De acordo com João Pereira da Silva, 53 anos, condutor escolar há 22 anos, desde abril a categoria tenta uma audiência com o prefeito, sem sucesso. "Queremos reivindicar que dos sete meses que ficamos parados, a prefeitura só nos ajudou com três meses de cesta básica", comentou. A categoria está sem renda ou reduzida. "No início, algumas pessoas mantiveram parte do pagamento, mas muitas não tiveram mais condições porque também perderam o emprego. Alguns pais pagaram a metade, mas com a continuidade da pandemia, muitos deixaram de pagar. Eu tenho seis pais ainda contribuindo, de 50 alunos que transporto", disse Silva. Nélia observa que as referidas cestas, citadas por Silva, não foram doadas pela prefeitura. "Foi através do nosso secretário do Transporte, Akira, que se sensibilizou com a nossa situação e arrumou essa doação com empresários", disse. E contiua: “Nós fomos direcionados - olha o ridículo da situação - para irmos retirar as cestas no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social, um orgão que atende pessoas sem renda, o que não é o nosso caso. Nós não temos renda momentaneamente por causa da pandemia. É irônico isso. A nossa liderança esteve conversando com as coordenadoras e elas deixaram bem claro que não têm como nos atender”. Alessandra Trevisan, 49 anos, 20 anos dedicados a transportar estudantes, ressaltou que prefeitos de diversas cidades suspenderam as taxas cobradas dos condutores e concederam auxílio emergencial e cestas básicas. "Quando o prefeito quer ajudar, ele ajuda", observou. Colaboração Os condutores de vans estão solicitando ajuda da população. No sábado, dia 31, das 8h às 16h, eles estarão num drive thru no bolsão da rua XV de Novembro, recebendo doação de alimentos e material de higiene. Outro lado A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Semuttran), informou ontem que realizou várias reuniões com a comissão dos condutores do transporte escolar desde o início da pandemia. “Foi a Prefeitura, inclusive, que incentivou que se criasse uma comissão de condutores, para facilitar negociações”, afirma a nota, que prossegue: “Desde então, atendeu várias reivindicações da classe. Entre elas, a distribuição, durante três meses, de cestas básicas aos condutores que necessitavam, por meio da Secretaria Municipal do Trabalho e Renda (Semtre). Agora, é preciso que os condutores façam cadastro no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de sua região para continuar a receber o benefício se se encaixarem nos parâmetros exigidos. A Prefeitura também cancelou a vistoria municipal das vans no segundo semestre, que seria obrigatória e, com apoio do deputado Roberto Morais, conseguiu, também, cancelar a vistoria que teria de ser feita no âmbito estadual, via Detran. Com isso, a categoria não teve gastos que poderiam chegar a R$ 245. Além disso, foram realizadas reuniões com equipes da Semtre, com orientações sobre empréstimos com taxas baixas que podem ser feitos via Banco do Povo. A Semtre também orientou os condutores a procurarem o Procon para buscar informações sobre a renegociação das mensalidades do financiamento de vans, financiamento este que é feito diretamente com instituições bancárias. O ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza) é pago por outras classes, como taxistas, motoristas de aplicativos, motofretistas e mototaxistas, entre outras. A Prefeitura não pode renunciar a receitas sem compensação, ação que se agrava ainda mais por estarmos em período eleitoral e pode configurar uso da máquina pública. O auxílio emergencial deve ser solicitado ao Governo Federal, como amplamente divulgado desde o início da pandemia. Outro ponto importante a ser destacado é que a categoria solicitou a permissão para utilizar as vans como forma de transporte alternativo, mas o Código de Trânsito não permite esse desvio de finalidade.”

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