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Moscou cobra de Biden primeiro passo sobre questão nuclear iraniana

A Rússia expressou seu apoio ao Irã nesta terça-feira (26), pedindo ao presidente recém-empossado dos Estados Unidos, Joe Biden, que reintegre o país ao acordo nuclear iraniano para salvá-lo e para garantir seu cumprimento por parte de Teerã

AFP
26/01/2021 às 11:33.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:30

A Rússia expressou seu apoio ao Irã nesta terça-feira (26), pedindo ao presidente recém-empossado dos Estados Unidos, Joe Biden, que reintegre o país ao acordo nuclear iraniano para salvá-lo e para garantir seu cumprimento por parte de Teerã.

Este tema é considerado prioritário pelas grandes potências, após a saída de Donald Trump da Casa Branca, na semana passada. O republicano retirou os EUA do acordo em 2018.

Washington e Teerã exigem que o outro dê o primeiro passo para salvaguardar este texto de 2015. O pacto pôs fim às sanções contra o Irã em troca do controle de seu polêmico programa nuclear.

Durante viagem a Moscou, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, garantiu o apoio da Rússia, país aliado do Irã.

"Esperamos (...) que os Estados Unidos voltem a cumprir integralmente a resolução correspondente do Conselho de Segurança, criando as condições para que o Irã cumpra todas as suas obrigações no âmbito do acordo nuclear", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Segundo Zarif, o Irã "retornará ao cumprimento integral de suas obrigações", se os Estados Unidos "encerrarem suas sanções antes (final de fevereiro)".

Já a França, também signatária do acordo, expressou uma visão contrária dos russos, dizendo que, se os iranianos querem um "reengajamento" americano, devem parar com todas as "provocações" e retornar às "suas obrigações", segundo a Presidência francesa.

Em 2015, a República Islâmica do Irã e o Grupo P5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) concluíram em Viena um Plano de Ação Conjunto Global que deveria resolver a questão nuclear iraniana, após 12 anos de tensão.

O acordo se encontra à beira do fracasso desde que Trump retirou os Estados Unidos unilateralmente, reinstaurando e intensificando as sanções americanas contra o Irã. Os americanos acusam Teerã de continuar buscando adquirir armas atômicas.

Teerã, por sua vez, liberou-se desde 2019 da maioria de seus compromissos, embora negue a tentativa de obter armamento nuclear.

O Irã retomou suas atividades de enriquecimento de urânio na ordem de 20%, embora tenha concordado em limitá-lo a 3,67%.

A chegada ao poder de Joe Biden, que vê a política de Trump em relação ao Irã como um fracasso, aumenta a esperança. O democrata diz que quer levar os Estados Unidos de volta ao texto, mas pede que o Irã volte a cumprir estritamente seus compromissos.

O desafio para os diplomatas será, portanto, como combinar os pré-requisitos contraditórios dos americanos, de um lado, e dos iranianos, agora apoiados pela Rússia, do outro.

Moscou, aliado tradicional de Teerã no Oriente Médio, condenou repetidamente a saída unilateral dos EUA do acordo e culpou os europeus por sua impotência diante de Washington.

Nesta terça, Lavrov e Zarif ressaltaram, no entanto, seu desejo de "salvar" o acordo.

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