Nos últimos dias, a morte por causas desconhecidas de focas, polvos, ouriços do mar e outros animais causaram medo sobre um "desastre ecológico" na costa da remota península russa de Kamchatka, no extremo oriente do país
Nos últimos dias, a morte por causas desconhecidas de focas, polvos, ouriços do mar e outros animais causaram medo sobre um "desastre ecológico" na costa da remota península russa de Kamchatka, no extremo oriente do país.
"Ocorreu um desastre ecológico em Kamchatka", na região da praia de Jalatyr - um local turístico conhecido especialmente pelos surfistas - e da baía de Avacha, no oceano Pacífico, disse a ONG Greenpeace.
As análises detectaram na água "quatro vezes mais produtos de petróleo e 2,5 vezes mais de fenol", acrescentou o Greenpeace, explicando que as causas da contaminação ainda não foram estabelecidas.
O Greenpeace afirmou ter entrado em contato com as autoridades para "pedir uma investigação imediata das causas da contaminação, uma avaliação de seu alcance e a eliminação urgente das consequências" do incidente.
As autoridades locais não informaram, recentemente, sobre nenhum acidente industrial, ou acontecimento incomum.
Neste fim de semana, o governador de Kamchatka, Vladimir Solodov, visitou a região e ameaçou demitir os que ocultaram a gravidade da situação, além de prometer divulgar uma análise, feita com amostras que foram enviadas para Moscou.
No sábado, o Comitê de Investigação russo prometeu que fará uma investigação sobre este "possível desastre ecológico".
O ministro russo do Meio Ambiente, Dmitri Kobilkin, disse nesta segunda-feira em entrevista ao canal estatal Rossiya 24, que não foi encontrado nível excessivo de óleo ou produtos químicos nas amostras analisadas até agora.
Ele apontou a possibilidade de se tratar de um fenômeno "de origem natural".
"Depois das tempestades, há um aumento da toxicidade dos microrganismos daquela área, o que provoca alterações (no conteúdo) de oxigênio", causando esse tipo de fenômeno, que informou ser muito comum nas ilhas japonesas do região.
Especialistas citados pelo jornal Novaia Gazeta e pela agência de imprensa RIA Novosti tratam da hipótese de um vazamento de combustível de foguete que é extremamente tóxico, o heptil, que viria de uma das muitas instalações militares existentes em Kamchatka.
O território russo, com antigas instalações ainda da era soviética, frequentemente sofre desastres ecológicos industriais. No final de maio, por exemplo, houve o vazamento de 21.000 toneladas de combustível que contaminou os cursos d"água do Ártico após o colapso de um depósito de uma termelétrica do grupo Norilsk Nickel.
Kamchatka é uma das regiões mais remotas da Rússia. Até o fim da União Soviética, o local esteve fechado, pois hospedava inúmeras instalações militares.
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