INTERNACIONAL

Moderna pressiona Europa a fechar acordo para evitar atrasos das vacinas

O diretor-geral da empresa americana de biotecnologia Moderna disse aos governos europeus nesta terça-feira que negociações prolongadas para a compra de sua vacina contra a covid-19 podem atrasar as entregas, já que darão prioridade a países que já compraram há meses, como Estados Unidos

AFP
17/11/2020 às 15:06.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:30

O diretor-geral da empresa americana de biotecnologia Moderna disse aos governos europeus nesta terça-feira que negociações prolongadas para a compra de sua vacina contra a covid-19 podem atrasar as entregas, já que darão prioridade a países que já compraram há meses, como Estados Unidos.

"É claro que o atraso não vai limitar a quantidade total, vai atrasar a entrega", disse Stéphane Bancel em entrevista à AFP, referindo-se à Europa.

"Temos discussões, mas não temos contrato" com a União Europeia, esclareceu Bancel, de Cambridge, Massachusetts, onde este francês de 48 anos e ex-funcionário do laboratório bioMérieux dirige hoje a Moderna, fundada em 2010.

Desde meados do ano, a Moderna entrou em negociações com a Comissão Europeia para a compra de 80 milhões de doses da vacina e, embora estivessem "adiantadas", nada foi alcançado.

Pelo contrário, Bancel ressaltou que os Estados Unidos reservaram 100 milhões de doses desde o início de agosto, e disse que têm "vários milhões de doses já armazenadas" no país, prontas para serem entregues às autoridades norte-americanas assim que a sua comercialização for autorizada provavelmente em dezembro.

A Moderna anunciou esta semana que sua vacina experimental é quase 95% eficaz na proteção de pessoas contra o coronavírus, aumentando ainda mais as esperanças de acabar com a pandemia depois que a Pfizer/BioNTech publicou descobertas semelhantes na semana passada sobre sua vacina.

Espera-se que a Pfizer/BioNTech e a Moderna solicitem autorizações de comercialização dos Estados Unidos, Europa e outras autoridades nas próximas semanas.

A Moderna, que desenvolveu seu medicamento em parceria com o National Institutes of Health (CDC) dos Estados Unidos, já assinou acordos para fornecer a vacina para Canadá, Japão, Israel, Catar e Reino Unido. Agora espera pela União Europeia.

"Existem muitas coisas administrativas, os arquivos, os sigilos, os alinhamentos entre os países e é difícil administrar isso quando você tem 27 (os membros da UE) em comparação com quando é apenas um", explicou Bancel.

Nesse sentido, ele comparou ao Canadá: entre as primeiras conversas com os médicos da Moderna e a assinatura do contrato, "demorou duas semanas" apenas para finalizar o acordo.

Para todos os países, exceto os Estados Unidos, a produção será realizada na Suíça, nas fábricas do grupo Lonza, e o envazamento em Madri, no grupo Rovi.

Se em algum momento a Agência Europeia de Medicamentos autorizar a vacina antes do final do ano, "as primeiras entregas não incluirão a UE. Iriam para Suíça, Japão, Israel, Canadá, países que já fizeram o pedido. Para os que não pediram, não mandaremos produtos".

"Quanto mais eles esperarem, mais demorará a entrega", insistiu o CEO da Moderna.

Segundo ele, as discussões não estão bloqueadas pelo preço, mas ele se recusa a falar o motivo publicamente.

A Comissão Europeia, que assinou com a Pfizer e outros fabricantes, insistiu nesta terça-feira sobre a complexidade das negociações.

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