INTERNACIONAL

Mobilização em Mianmar contra golpe de Estado continua

Os birmaneses protestavam nesta quinta-feira (11) pelo sexto dia consecutivo contra o golpe militar que derrubou Aung San Suu Kyi, apesar da proibição de reuniões e de uma nova onda de prisões

AFP
11/02/2021 às 07:55.
Atualizado em 23/03/2022 às 17:40

Os birmaneses protestavam nesta quinta-feira (11) pelo sexto dia consecutivo contra o golpe militar que derrubou Aung San Suu Kyi, apesar da proibição de reuniões e de uma nova onda de prisões.

O medo de represálias é palpável, dois dias após o uso da força pela Polícia que deixou vários feridos, dois deles em estado grave. Uma jovem levou um tiro na cabeça e sua situação é crítica.

As prisões continuam. Mais de 200 pessoas - membros da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, e ativistas - foram presos desde o golpe de 1º de fevereiro, segundo uma ONG humanitária.

Novas prisões ocorreram esta madrugada, incluindo a do vice-presidente da câmara baixa do Parlamento, e de várias autoridades locais.

Apesar disso, os manifestantes continuam a tomar as ruas para exigir a libertação dos detidos, o fim da ditadura e a abolição da Constituição de 2008, que é muito favorável ao Exército.

"Não vá para o escritório!", gritava um grupo de manifestantes em frente ao Banco Central de Mianmar em Yangon, a capital econômica, respondendo aos apelos por "desobediência civil".

"Protestaremos até que Aung San Suu Kyi (ex-chefe de fato do governo civil) e Win Myint (ex-presidente da República) sejam libertados", declarou à AFP um funcionário do banco.

No início da tarde, dezenas de milhares de manifestantes marcharam pela cidade, incluindo homens de saias. "Não nos retiraremos até que a democracia esteja de volta", dizia um cartaz.

Membros das etnias karen, rakhine ou kachin, em roupas tradicionais, aderiram aos protestos. "Nossos grupos étnicos devem se unir para lutar contra a ditadura militar", observou Saw Z Net, um karen, enquanto algumas minorias estão há décadas em conflito com os militares.

A escalada de violência contra os manifestantes foi condenada internacionalmente.

O presidente americano, Joe Biden, anunciou na quarta que seu governo reduziria o acesso dos generais birmaneses a US$ 1 bilhão em fundos nos Estados Unidos e que revelaria novas sanções ainda esta semana.

"Mais uma vez, peço aos militares que libertem imediatamente todos os líderes políticos eleitos democraticamente e ativistas", acrescentou Biden. Mianmar é seu primeiro dossiê diplomático importante desde sua eleição.

A União Europeia também poderia adotar novas sanções, advertiu Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia.

Elas poderiam ter como alvo o chefe do Exército, Min Aung Hlaing - autor do golpe -, e outros generais, já sancionados pelos abusos contra a minoria muçulmana rohingya em 2017.

Poderosos conglomerados controlados pelo Exército também poderiam ser visados, depois que as sanções contra eles foram levantadas durante o frágil parêntese democrático de 10 anos, encerrado abruptamente pelo golpe.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU se reúne na sexta-feira para discutir a crise. A posição de Pequim e Moscou, tradicionais aliados do Exército birmanês nas Nações Unidas, será examinada de perto.

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