Milhares de manifestantes voltaram às ruas neste domingo (7) contra a Junta militar em Mianmar, apesar da repressão sangrenta e das incursões noturnas, que custaram a vida de um membro do partido de Aung San Suu Kyi
Milhares de manifestantes voltaram às ruas neste domingo (7) contra a Junta militar em Mianmar, apesar da repressão sangrenta e das incursões noturnas, que custaram a vida de um membro do partido de Aung San Suu Kyi.
Em Bagan (centro), perto de um famoso sítio arqueológico com pagodes centenários, detonações foram ouvidas.
"Um adolescente de 18 anos levou um tiro na mandíbula", disse à AFP o socorrista Ko Ko. A mídia local noticiou "pelo menos cinco pessoas feridas".
Em Yangon, a polícia fez disparos para dispersar os manifestantes que gritavam: "Vamos tirar o ditador!", referindo-se ao chefe da Junta, Min Aung Hlaing.
Durante a noite, a polícia e o exército realizaram operações na capital econômica birmanesa contra a Liga Nacional para a Democracia (NLD), partido de Suu Kyi, derrubada em 1º de fevereiro e detida em local secreto.
"Não sabemos quantas pessoas foram presas", disse Soe Win, um dos responsáveis do partido.
Um chefe local da NLD, Khin Maung Latt, de 58 anos, morreu. "Ele foi espancado e levado de sua casa. Aparentemente não sobreviveu ao duro interrogatório a que foi submetido", afirmou Tun Kyi, um ex-prisioneiro político.
Outro alvo era um advogado do partido, mas como não o encontraram, as forças de segurança "torturaram" seu irmão "porque não havia ninguém para prender", segundo um ex-deputado.
A mídia estatal alertou neste domingo os deputados que não reconhecem a legitimidade do golpe de Estado e que criaram uma comissão para representar o governo civil que cometem "alta traição", um crime que pode levar à pena de morte ou 22 anos de detenção.
O movimento pró-democracia convocou uma mobilização em massa no domingo e na segunda-feira.
"Se apelarmos à desobediência civil e à greve sem sair às ruas, não é suficiente. Temos que manter a nossa luta ao mais alto nível (...) Estamos prontos para morrer", declarou à AFP Maung Saungkha, um dos líderes da contestação.
A mídia pública alertou que os funcionários públicos em greve "serão demitidos a partir de 8 de março".
As greves têm um grande impacto na já fragilizada economia birmanesa, com bancos incapazes de funcionar, hospitais fechados e gabinetes ministeriais vazios.
O medo é onipresente: mais de 50 pessoas morreram desde o início da insurreição pacífica contra o golpe de 1º de fevereiro.